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Torres diz que minuta do golpe era uma ‘aberração jurídica’ e ‘não foi para o lixo por mero descuido’

Ex-ministro da Justiça, Anderson Torres, presta depoimento à CPMI dos Atos Antidemocráticos nesta terça-feira (8)

Anderson Torres fez pronunciamento na CPMI do 8/1 nesta terça-feira

O ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, Anderson Torres, classificou como “aberração jurídica” a minuta de golpe encontrada na casa dele, durante cumprimento de busca e apreensão pela Polícia Federal, em 10 de janeiro.

Durante pronunciamento na CPMI dos Atos Antidemocráticos na manhã desta terça-feira (8), Torres afirmou que o papel não foi para o lixo por descuido e garantiu não saber quem foi o autor do documento.

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“Após os lamentáveis atos de 8 de janeiro, retornei tão logo foi possível ao Brasil e me apresentei à Justiça. Estive preso por 117 dias no batalhão de aviação operacional da PM. No dia 10 de janeiro, em operação de busca e apreensão na minha casa, a polícia encontrou um texto apócrifo, sem data, uma fantasiosa minuta, que vai para a coleção de absurdos que constantemente chega aos detentores de cargos públicos. Vários documentos vinham de diversas fontes para que fossem submetidos ao ministro. Em razão da sobrecarga de trabalho eu normalmente levava a pasta de documentos para casa, os documentos importantes eram despachados e retornavam ao ministério, os demais eram descartados. Um desses documentos foi o texto chamado de ‘minuta do golpe’, e basta uma breve leitura para que se perceba ser imprestável para qualquer fim. Uma verdadeira aberração jurídica. Esse papel não foi para o lixo por mero descuido. Não sei quem entregou esse documento apócrifo e desconheço as circunstâncias em que foi produzido. Sequer cogitei encaminhar ou mostrar para alguém. Soube pela imprensa que outras pessoas receberam documento semelhante e que ele até circulou na internet”, afirmou Torres em seu pronunciamento na CPMI.

O ex-ministro afirmou que não houve interferência do Ministério da Justiça e Segurança Pública, que era chefiado por ele, no esquema operacional da Polícia Rodoviária Federal no segundo turno das eleições.

“Como ministro nunca interferi no planejamento da Polícia Federal e da Polícia Rodoviária Federal. Nossa determinação era coibir compra de votos e demais crimes eleitorais”, disse. Anderson Torres frisou que nenhum eleitor foi impedido de exercer o direito ao voto. “Eu nunca questionei o resultado das eleições. Fui o primeiro ministro a iniciar o trabalho de transição”, ressaltou Torres.

Editor de Política. Formado em Comunicação Social pela PUC Minas e em História pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Já escreveu para os jornais Estado de Minas, O Tempo e Folha de S. Paulo.
Repórter da Itatiaia desde 2018. Foi correspondente no Rio de Janeiro por dois anos, e está em Brasília, na cobertura dos Três Poderes, desde setembro de 2020. É formado em Jornalismo pela FACHA (Faculdades Integradas Hélio Alonso), com pós-graduação em Comunicação Eleitoral e Marketing Político.