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Haddad espera adesão de Nubank para Desenrola ‘limpar nome’ de 2,5 milhões de brasileiros

Programa do governo federal para renegociação de dívidas começou nesta segunda-feira (17); brasileiros com débitos de até R$ 100 serão desnegativados de forma automática

Ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), tirou dúvidas sobre o Desenrola em coletiva nesta segunda-feira

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), calcula que cerca de dois milhões e meio de brasileiros terão os nomes limpos para aquisição de crédito se o Nubank aderir ao Desenrola Brasil. O programa de renegociação de dívidas do governo federal começou nesta segunda-feira (17), e a previsão é que todas as instituições bancárias que aderirem à proposta façam a desnegativação automática dos clientes com débitos de até R$ 100.

Até o início da noite, os principais bancos do país aceitaram participar — Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil, Bradesco, Santander, Itaú, Inter e PicPay; eles reúnem cerca de um milhão de brasileiros com dívidas inferiores a R$ 100. Segundo a lógica do programa, essas pessoas não poderão mais ser negativadas e, portanto, ter o crédito impedido em decorrência deste débito. O número de beneficiados pode ser ainda maior se o principal banco digital do país, o Nubank, se unir à iniciativa.

“O Nubank é o único banco em dúvida se aderia ou não ao programa, isto porque ter crédito presumido como contrapartida não é uma grande vantagem para ele. Se o Nubank aderir, dois milhões e meio de brasileiros vão ser beneficiados. Se não, um milhão de CPFs hoje negativados serão contemplados”, detalhou o ministro em coletiva de imprensa no auditório da Fazenda, nesta tarde de segunda-feira.

O que significa? A primeira etapa do Desenrola inaugurada nesta segunda-feira privilegiará a desnegativação de dívidas no valor de até R$ 100. O assessor da Secretaria de Reformas Econômicas do Ministério da Fazenda, Alexandre Ferreira, detalhou que a medida garantirá que os devedores não sofram com os prejuízos da inadimplência até ter condições de quitar o débito.

“Desnegativar pessoas com dívidas de até R$ 100 é um pré-requisito para os bancos fazerem a adesão ao programa. Nós entendemos ser desproporcional alguém ser penalizado com restrições tão sérias em função de uma dívida menor que R$ 100', afirmou. “Na prática, o efeito da negativação cai automaticamente. Restrições nos contratos de aluguel, por exemplo, caem. A dívida continua em termos contáveis, mas os efeitos da negativação são suspensos e o banco não pode voltar a negativar o cliente por aquela dívida”, esclareceu.

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Além de contemplar as pessoas com dívidas de até R$ 100 e que serão desnegativadas pelas instituições bancárias, esta primeira etapa do Desenrola Brasil permitirá a renegociação de débitos de qualquer valor entre clientes que compõem a Faixa 2 — ou seja, com renda de até R$ 20 mil — diretamente com os bancos.

“A etapa iniciada hoje é a renegociação direta. Assim, o cliente deve entrar em contato diretamente com o banco, principalmente pela internet, para renegociar. A cada R$ 1 de desconto da dívida que o banco oferecer, o governo ofertará R$ 1 em crédito presumido para o banco”, detalhou Ferreira. Para garantir as operações, o Ministério da Fazenda aportou R$ 50 bilhões em crédito presumido.

Segunda etapa do Desenrola começará em setembro

A segunda parte do programa Desenrola Brasil deve começar apenas em setembro e contemplará também os brasileiros inscritos na Faixa 1 — aqueles com rendas inferiores a dois salários mínimos e cadastrados no CadÚnico. Nesta etapa a prioridade não será o acerto com os bancos, mas a renegociação de outras dívidas. “Hoje priorizamos as transações de natureza bancária. Mas, na segunda etapa contemplaremos o sistema não financeiro, que são as dívidas com contas de energia elétrica, por exemplo, ou carnês em lojas varejistas”, pontuou o secretário Alexandre Ferreira.

Nestas condições, a renegociação acontecerá diretamente no site do Governo Federal por meio de um cadastro feito pelo consumidor no sistema gov.br.

Repórter de política em Brasília. Na Itatiaia desde 2021, foi chefe de reportagem do portal e produziu série especial sobre alimentação escolar financiada pela Jeduca. Antes, repórter de Cidades em O Tempo. Formada em jornalismo pela Universidade Federal de Minas Gerais.