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Deputado diz que esposa de Mauro Cid pode ser convocada para CPMI, se ele não colaborar

Em vídeo, Duarte Jr (PSB-MA) diz esperar que ele colabore com as investigações; Cid tem depoimento marcado para terça (11)

Ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid está preso e prestará depoimento à CPMI

O deputado Duarte Jr (PSB-MA) disse em um vídeo compartilhado nas redes sociais que espera que o tenente-coronel Mauro Cid colabore em depoimento marcado para esta terça-feira (11), na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de janeiro. O parlamentar é um dos integrantes do órgão que investiga os ataques em Brasília e ameaçou o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro ao dizer que, se ele não cooperar com as investigações, sua esposa, Gabriela Cid, poderá ser convocada a depor.

“A Gabriela [Cid], sua esposa, tem mensagens dela chamando as pessoas para participar dessa ‘guerra’, como ela mesmo diz que foram os atos de 8 de janeiro. Então, ela é uma peça que pode, sim, ser convocada. Mas, aí, vai depender da fala do Mauro Cid. Se ele contribuir, se ele falar, não se fará necessária a convocação da Gabriela”, afirmou o parlamentar.

“Agora, se ele ficar calado, se não contribuir vai estar, automaticamente, permitindo que a Gabriela, sua própria esposa, seja convocada para prestar os esclarecimentos que ele mesmo, em tese, não fará", finaliza o deputado Duarte Jr.

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O parlamentar maranhense diz, ainda, que a expectativa é “muito positiva” para o depoimento de Mauro Cid na CPMI. De acordo com ele, pela proximidade com Bolsonaro, o tenente-coronel do Exército “sabe de muita coisa e contribuiu para muitas dessas ações”. “Logo, ele tem muito o que falar para contribuir para as investigações”, diz Duarte Jr.

Na sequência, o deputado diz que Mauro Cid sinaliza em querer “colaborar” quando trocou seu advogado de defesa.

“Ele deixou de ter como seu advogado o [Rodrigo] Roca, que é advogado da família Bolsonaro e passou a contratar o Benalon [na verdade, Bernardo Fenelon], que é um advogado especialista em delação premiada. Logo, ele demonstra um sinal claro de que quer contribuir para as investigações e sinaliza que não vai ficar calado e vai falar muita coisa que a gente precisa saber para punir aqueles que, de fato, financiaram e instigaram os atos terroristas do dia 8 de janeiro”, afirmou.

O depoimento de Mauro Cid à CPMI havia sido marcado, em princípio, para a semana passada. No entanto, por causa do “esforço concentrado” convocado pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), para a votação da reforma tributária, foi adiado para a próxima terça-feira (11).

A defesa de Cid acionou o Supremo Tribunal Federal (STF) para que ele não precisasse comparecer à oitiva. No entanto, o pedido foi negado pela ministra Cármen Lúcia. De acordo com a decisão, o militar é obrigado a comparecer à sessão da CPMI, apesar de não ter, necessariamente, que responder a questões que possam incriminá-lo. Cid também poderá ser acompanhado de seu advogado e fazer consultas a ele quando quiser.

Esposa investigada

A esposa de Mauro Cid, Gabriela, foi um dos alvos de uma operação da Polícia Federal que desmantelou um esquema de falsificação de cartões de vacina que teria sido organizado pelo tenente-coronel do Exército. Cid teria arquitetado para inserir dados falsos de doses de vacina contra a covid-19 para beneficiar familiares, entre eles, a própria Gabriela.

Mensagens apreendidas no celular dela mostram, ainda, que ela tentava mobilizar outras esposas de militares para os atos na capital federal. Ela também defendeu a queda do presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Alexandre de Moraes.

Mauro Cid está preso desde fevereiro, por conta da operação da PF envolvendo a fraude na vacinação.

Editor de política. Foi repórter no jornal O Tempo e no Portal R7 e atuou no Governo de Minas. Formado em Comunicação Social pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), tem MBA em Jornalismo de Dados pelo IDP.