O ex-presidente da República Jair Bolsonaro classificou como “tempestade em copo d’água’ o seu julgamento no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que terá início nesta quinta-feira (21) e pode deixá-lo inelegível por cinco anos.
Em entrevista à CNN Brasil, nesta quarta-feira (21), Bolsonaro minimizou suas falas durante reunião com embaixadores, em julho de 2022, que foi alvo da ação do PDT que será julgada pelo TSE.
“Eu não sei por que criar uma tempestade em um copo d’água. Apenas foi conversado com eles [com os embaixadores convocados para uma reunião] como funcionava o sistema eleitoral. Eu não falei a palavra fraude ali, no tocante às futuras eleições. Falei daquele inquérito da Polícia Federal de novembro de 2018 que, até hoje, não foi concluído ainda. Apenas isso. Qual o problema discutir esse assunto?”, disse Bolsonaro à CNN.
Na reunião em questão, o então presidente da República fez críticas às urnas eletrônicas e ao sistema eleitoral brasileiro. O TSE vai apurar se houve abuso de poder político nas falas de Bolsonaro.
“No meu entender, não justifica uma reunião com embaixadores mover uma ação para tirar os direitos políticos, no caso da minha pessoa”, continuou.
A reunião
Em outro trecho da entrevista, Bolsonaro voltou a comentar sobre o teor do encontro com os embaixadores.
“Por que eu convidei os embaixadores e não convoquei? Porque dois meses antes, aproximadamente, o ministro do STF Edson Fachin, que compunha o TSE, reuniu-se também com aproximadamente 65 embaixadores e falou sobre eleições, sobre o sistema eleitoral e mandou uma mensagem muito parecida com o seguinte: ‘Tão logo o TSE anuncia o resultado das eleições, vocês façam sugestões junto ao respectivo chefe de Estado para que o reconhecimento do eleito se faça imediatamente’”, disse o ex-presidente.
Nicarágua e Bolívia
O ex-chefe do Executivo também fez uma comparação de sua situação com outras que ocorreram na Nicarágua e na Bolívia.
Segundo Bolsonaro, seu caso tem semelhanças com os do presidente Daniel Ortega, da Nicarágua, e da prisão da ex-presidente boliviana Jeanine Áñez.
“Eu peço primeiro a Deus, depois aos senhores ministros, em especial ao senhor Alexandre de Moraes e depois ao senhor Benedito, do STJ, uma Corte renomada e respeitada por todos nós, que façam um julgamento justo. Isso que está acontecendo comigo, eu estou vendo acontecer lá na Nicarágua, onde o senhor Ortega caça os direitos políticos e até bota na cadeia os seus opositores”, declarou o ex-chefe do Executivo brasileiro.
“É o que na Bolívia fez há pouco tempo. A senhora Jeanine Áñez, quando voltou a turma do [ex-presidente] Evo Morales, resolveram colocá-la na cadeia com a acusação de que atentou contra a democracia. É o que pretendem fazer comigo”, prosseguiu.