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Presidente da Câmara cita encontro de Kalil e Fuad e diz que PBH tentou atrasar liberação da Arena MRV

Gabriel Azevedo afirmou que prefeitura trabalha para impedir liberação de estádio e promete adotar prazos rápidos para votar o texto em segundo turno

Prefeito Fuad Noman se reuniu na segunda-feira com o ex-prefeito Alexandre Kalil

O ex-prefeito Alexandre Kalil (PSD) foi alvo de críticas durante a votação na Câmara Municipal de BH que aprovou o projeto que acelera a liberação da Arena MRV, o novo estádio do Atlético. O presidente da Casa, vereador Gabriel Azevedo (sem partido), citou um encontro do prefeito Fuad Noman (PSD) com Kalil nesta semana e afirmou que uma emenda incluída no projeto pode atrasar em 8 meses a liberação do estádio.

Veja mais: Câmara de BH aprova projeto que acelera liberação da Arena MRV

“Gostaria de já na sessão de sexta-feira, votar em segundo turno o projeto que vamos aprovar hoje. Mas, o governo desta cidade, com um prefeito que discursou ao meu lado na inauguração da Arena do Galo, resolveu dizer para o líder do governo a fazer uma emenda ao texto”, disse Gabriel.

“Eu sei quem estava sentadinho com o prefeito nesta segunda-feira, uma pessoa com a qual eu dividi a diretoria do Clube Atlético Mineiro, mas precisa entender que nós passamos e as instituições ficam. Essa é a postura de alguém que deveria amar o Galo acima de todas as coisas e não prejudicar a construção da nossa Arena. Essa emenda poderia atrasar a votação do projeto em 8 meses”, continuou o presidente da Câmara.

O encontro com Kalil foi divulgado nas redes sociais do prefeito Fuad Noman. “Hoje o café da manhã foi com o presidente do PSD Minas, deputado Cássio Soares e com Alexandre Kalil. Foi uma alegria poder rever o prefeito Kalil e discutir as pautas prioritárias para Belo Horizonte, visando a melhoria da qualidade de vida da população”, escreveu o prefeito.

O líder da PBH na Câmara, vereador Bruno Miranda (PDT), rebateu as críticas de Gabriel e afirmou que a base de governo apoia o projeto, mas que é preciso uma discussão mais detalhada sobre o texto.

“Precisamos de um prazo maior para analisar o tema e construímos um acordo com o César Gordin para garantir um tempo maior sem prejudicar o projeto. Existem algumas contrapartidas importantes, como por exemplo a passarela que liga o metrô ao estádio, que precisa de uma análise técnica. O estádio será muito importante e queremos ele em funcionamento, mas não podemos aprovar um projeto a toque de caixa”, afirmou Miranda.

A reportagem da Itatiaia entrou em contato com a Prefeitura de BH para saber se o prefeito Fuad Noman quer comentar as declarações de Gabriel Azevedo, mas até o momento não houve retorno.

Aprovação em 1º turno

Na manhã desta quarta-feira (21), os vereadores aprovaram por 36 votos a 2, o projeto que acelera a liberação da Arena MRV, concedendo prazo maior (de 1 a 3 anos)para que o clube mineiro entregue as obras de contrapartidas.

Os únicos vereadores que votaram contra o texto foram: Miltinho CGE (PDT) e Fernanda Altoé (Novo). O projeto precisa agora analisado novamente por comissões da Câmara de BH antes de ser votado em 2º turno.

Críticas a Kalil

Durante a sessão, vários vereadores criticaram o ex-prefeito Alexandre Kalil e afirmaram que ele trabalhou para atrapalhar a liberação do novo estádio do Atlético.

“Graças a uma gestão passada, como a CPI tem apontado, fez com que as contrapartidas chegassem a esse valor. Assim que a CPI terminar e se ficar comprovado que houve abuso de poder da gestão passada da PBH, que esses nomes sejam enviados para todos os atléticos e para a Galoucura, nomes de pessoas que prejudicaram o Atlético. Ficam alguns passando pano para um ex aí, mas não vamos passar pano não. Se prejudicou o Atlético, eles têm que pagar”, afirmou Marcos Crispim (PP)

Torcedor do Cruzeiro, o vereador Wanderley Porto (Patriota), afirmou que as exigências da PBH na gestão de Kalil foram exageradas e comparou as contrapartidas da Arena MRV com a de outros estádios.

“Mesmo sendo cruzeirense, no primeiro ano de mandato fiz um requerimento questionando as contrapartidas exigidas para o estádio. E vocês não podem se esquecer quem era o prefeito: Alexandre Kalil. Questionei a prefeitura porque entendi que as contrapartidas eram exageradas se comparar com outras obras, seja em BH e outras cidades. Comparei com o estádio do Palmeiras, com a Arena Independência, era completamente desproporcional”, disse Wanderley Porto.

O vereador Álvaro Damião (União Brasil) também fez duras críticas às exigências da PBH e afirmou que o clube mineiro foi vítima de um “crime”.

“O que eu vejo acontecendo com a Arena MRV é apenas um retrato do que acontece com os empresários em BH. Se isso acontece com um empresários desse porte, que estão construindo uma arena daquele tamanho, imagina o que acontece com o dono de um boteco lá na vila ou com um rapaz que tenta montar um bar para viver honestamente, imagina o que fazem com o dono da padaria. Esse tratamento já passou da hora de mudar. Quando alguém se propõe a construir algum empreendimento na cidade, tem que ser tratado com carinho, tem que receber apoio do poder público. O que fizeram com o Atlético é um crime”, disse Damião.

Alvo de CPI

O presidente da CPI do Abuso de Poder, que tem entre os temas investigados possíveis abusos políticos do ex-prefeito Kalil nas contrapartidas para a construção do estádio do Galo, o vereador Wesley Moreira (PP) também fez duras críticas ao ex-prefeito.

“A Arena MRV já era para estar funcionando, no mínimo, há 2 anos. Durante a gestão do ex-prefeito Marcio Lacerda houve um apoio ao projeto. Respeitando os princípios, mas com apoio da prefeitura. Infelizmente, na troca para o ex-prefeito Alexandre Kalil, tivemos uma perda de 2 anos para o funcionamento do estádio. Pasmem, desafio vocês a mostrar, no Brasil, qual outra obra teve 50% de exigências em contrapartidas. Isso nunca existiu no Brasil. O custo da obra é de R$ 750 milhões, com mais R$ 335 milhões em contrapartidas. Isso é um absurdo. Estão saqueando o Clube Atlético Mineiro”, afirmou o vereador.

A reportagem da Itatiaia entrou em contato com a assessoria do ex-prefeito Alexandre Kalil para comentar as críticas feitas pelos parlamentares, mas até a publicação desta reportagem, não houve retorno.

Editor de Política. Formado em Comunicação Social pela PUC Minas e em História pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Já escreveu para os jornais Estado de Minas, O Tempo e Folha de S. Paulo.