O vice-governador Mateus Simões (Novo) criticou, na manhã desta quinta-feira (15), durante a 18ª Conferência da Advocacia Mineira, realizada em Uberlândia, no Triângulo Mineiro, o tempo levado pelo governo federal para “tomar pé" de todas as informações envolvendo a negociação pela repactuação do acordo de Mariana.
Simões se disse preocupado com a criação de um novo comitê interno do Ministério do Meio Ambiente, instituído nesta semana, para discutir detalhes das conversas sobre a repactuação - o grupo tem um prazo de 180 dias, que pode ser prorrogado.
“Ficamos um pouquinho preocupados com o fato de ter sido criado uma comissão com prazo de cento e oitenta dias pra analisar o processo agora dentro do Ministério do Meio Ambiente. O governo federal já está analisando esse caso há nove anos, o desastre não começou agora, o desastre não aconteceu em primeiro de janeiro. Então, apesar de eu entender que o governo federal precisava de tempo para se colocar dentro das discussões, esse tempo já foi dado. Nós já temos condição de avançar”, afirmou Simões.
“Nós contamos com ministros que estão sensíveis pra isso. Não posso reclamar da Casa Civil, da Minas e Energia, e agora esperamos que o Ministério do Meio Ambiente, apesar dessa formação dos grupos de trabalho, também perceba que é do interesse do meio ambiente começar a reparar a questão ambiental também”, disse.
Cinco mil horas de discussão
Segundo o vice-governador, a equipe técnica do governo mineiro que atua nas negociações pela repactuação do acordo de Mariana já possui mais de de cinco mil horas de discussão.
"É claro que o governo federal, que está todo transformado depois da eleição do presidente Lula, precisou de tempo pra poder se colocar em pé de igualdade na compreensão do acordo, mas o tempo já passou”, pontuou.
Simões afirmou que existem questões ainda em debate, como a questão sobre o reparo para a pesca marítima no litoral do Espírito Santo, mas afirmou que, recentemente, houve entendimento coletivo sobre questões envolvendo recursos para a saúde dos atingidos que seriam contemplados com valores da repactuação.
"É uma questão de responsabilidade, é inacreditável que vítimas de Brumadinho já estejam experimentando uma mudança da sua realidade por conta de um acordo de Brumadinho e as vítimas de Mariana, de um desastre que ocorreu quase cinco anos depois, ainda estejam esperando entrega de casa”, afirmou o vice-governador mineiro.
Simões afirmou, ainda, que a possibilidade da entrada do estado da Bahia nas negociações não é um entrave para a finalização do acordo.
“No sul ali na região da Bahia houve alguns prejuízos. E isso não é um problema pra gente. Eh é claro que não há dúvida que o grande prejudicado em Minas Gerais na sequência o Espírito Santo, mas o importante pra gente é que o dinheiro seja gasto na mancha de atingimento e na reconstrução dos serviços públicos que foram afetados pela queda de arrecadação em virtude do desastre. Mas a Bahia não é o nosso problema. Se ela entrar ela vai entrar pra ter uma participação proporcional ao ao que ela foi afetada. O que a gente não pode é parar na discussão”, disse.