O Secretário Nacional de Justiça, Augusto de Arruda Botelho, compareceu a um evento do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) em comemoração ao Mês Internacional da Imprensa Livre, realizado em Belo Horizonte. Em uma palestra, o secretário condenou declarações do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) contra a imprensa e diz que as atitudes do ex-chefe do Poder Executivo contribuíram para o aumento de agressões contra jornalistas no país, principalmente no dia 8 de janeiro.
“Os números comprovam isso, é uma questão estatística, infelizmente. A violência aumentou em números e em intensidade. No dia 8 de janeiro, 15 profissionais de imprensa foram agredidos em Brasília. Mulheres foram brutalmente agredidas. Eu, pessoalmente, tive a triste oportunidade de conversar com jornalistas que tinham machucados muito visíveis nos dias seguintes e que foram agredidos simplesmente por fazer seu trabalho”, afirmou.
Ainda segundo o secretário nacional, mais do que o aumento dos casos de violência, chama a atenção o grau de violência aos jornalistas.
“Eu não posso deixar de pontuar a responsabilidade do governo anterior. Em falas, em diversas oportunidades, o ex-presidente da República atacou, sim, jornalistas, principalmente mulheres”, constata.
Augusto Botelho deu uma palestra sobre “A importância da Liberdade de Imprensa no contexto do Estado Democrático de Direito” e falou sobre “O Observatório Nacional de Direitos Humanos e o trabalho da Secretaria Nacional de Justiça para assegurar a liberdade de imprensa”.
No evento, o MPMG também lançou a atualização do relatório “Violência contra comunicadores no Brasil: um retrato da apuração nos últimos 20 anos”, editado pelo Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP). Também foi lançado Portal do Observatório do Ministério Público.
O procurador-geral de Justiça, Jarbas Soares, afirmou que o Observatório foi criado para acompanhar de perto as agressões contra jornalistas em Minas Gerais. O procurador também falou sobre a influência de declarações de governantes sobre os apoiadores. Ele cobriu mais responsabilidades de pessoas que têm posição de liderança.
“Não há dúvidas que as manifestações dos líderes acabam influenciando as pessoas. Os líderes têm que ter maior responsabilidade na hora de se manifestar. A imprensa noticia fatos, às vezes dá a conotação que quer, mas noticia fatos”, disse.
Jarbas também comentou sobre os episódios de 8 de janeiro e disse que a resposta foi “firme” e na “hora certa”.
“O que aconteceu no dia 8 de janeiro foi que atos que consideramos de democracia, em princípio, eram ações preparatórias de um crime maior. Aí a gente começa a tratar desse tipo de matéria com maior preocupação. Desde aquele episódio lamentável não houve mais episódios de violência contra jornalistas. Sinal de que a resposta foi firme e na hora certa”, afirmou.
Em participação online no encontro, a diretora e Representante da Unesco no Brasil, Marlova Noleto, defendeu a liberdade de imprensa e criticou a onda de desinformação.
“A liberdade de imprensa é uma pedra angular das sociedades democráticas e, cada vez mais, precisamos de uma imprensa plural, livre, diversa, onde os fatos possam ser verificados e o bom jornalistmo é fundamental para o combate à desinformação”, disse.
O Dia Internacional da Liberdade de Imprensa é comemorado em maio. A data celebra o direito de todos os profissionais da mídia de investigar e publicar informações de forma livre.