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CPI do MST tem bate-boca após pedido de 1 minuto de silêncio por vítimas de chacina: ‘tudo bandido’

Deputada pediu homenagem a vítima do massacre de Pau D’Arco, no Pará, que completa seis anos nesta quarta (24)

Chacina de Pau D’Arco, que deixou 10 mortos no Pará, completa seis anos nesta quarta-feira

Pelo segundo dia seguido a sessão da CPI do MST tem bate-boca entre parlamentares de partidos da esquerda e da direita. Nesta quarta-feira (24), a discussão foi entre a deputada Talíria Petrone (PSOL-RJ) e o deputado Delegado Éder Mauro (PL-PA).

A parlamentar pediu que a sessão fizesse um minuto de silêncio em homenagem as 10 pessoas que foram vítimas da Chacina de Pau D’Arco, no Pará. O massacre completa seis anos nesta quarta.

“Eu queria pedir, já que hoje fazem seis anos do massacre de Pau D’Arco, um minuto de silêncio em memória de todas as vítimas do campo e, em especial às vítimas de Pau D’Arco”, afirmou Talíria.

Sem dizer se concederia ou não o tempo para homenagem, o presidente da CPI, Tenente-Coronel Zucco (Republicanos-RS), deu a palavra para o deputado Delegado Éder Mauro, que disse que não respeitaria o prazo, caso fosse concedido pela presidência da comissão.

“Tem que ver a questão de Pau D’Arco. Eu discordo do um minuto de silêncio. Sou contra. Se derem um minuto de silêncio eu vou ficar falando durante o minuto de silêncio”, esbravejou.

“Pau D’Arco simplesmente era uma área de uma fazenda onde uma outra pessoa queria comprar uma área e o fazendeiro não queria vender. O que acontece é que um grupo pago e financiado para invadir a terra do cidadão para poder jogar o preço da terra e obrigar os proprietários a venderem. Quando a polícia foi cumprir um mandado de reintegração [de posse] foi recebida à bala e os policiais reagiram. Nunca que eu vou dar um minuto de silêncio”, afirmou.

Em meio a um bate-boca, a deputada começou a ler os nomes dos trabalhadores rurais que foram mortos durante a chacina, sendo interrompida pelo deputado do PL: “tudo bandido”.

Presidente da CPI investigado

Na última terça-feira (23), um outro bate-boca interrompeu a sessão da CPI do MST. A deputada Sâmia Bomfim (PSOL-SP) teve o microfone cortado pelo presidente da comissão depois de ler uma notícia que relacionada o deputado Zucco a financiamento a atos antidemocráticos.

“Me inscrevi para dar uma notícia que acabou de sair na imprensa: Moraes autoriza PF a retomar investigação do presidente da CPI do MST pela participação em atos antidemocráticos”, leu a deputada do PSOL. “Até agora o senhor estava dizendo que isso era uma mentira, uma ofensa...”, completava, quando teve o microfone cortado.

Neste momento, Zucco disse que não iria “permitir ataques pessoais”.

“Sobre essa nota, já tinha sido publicado e isso não é pauta dessa CPI”, completou antes de passar a palavra a outro deputado.

Sâmia retomou a palavra em outro momento e voltou no tema, alegando que teve o direito de fala interrompido e que não ofendeu ninguém.

“Uma coisa é fazer interrupções, pedir para que os deputados tenham conduta adequada quando há ofensas. Eu não estava fazendo nada disso, presidente. Estava lendo uma reportagem da imprensa. Na manchete não havia nenhuma ofensa a você ou aos membros dessa CPI. Havia um fato, de que o ministro Alexandre de Moraes autorizou que a Polícia Federal seguisse com as investigações sobre você ter participado das convocações dos atos golpistas”, afirmou.

“Eu indefiro a sua fala, deputada”, voltou a interromper, o deputado Tenente-Coronel Zucco.

Editor de política. Foi repórter no jornal O Tempo e no Portal R7 e atuou no Governo de Minas. Formado em Comunicação Social pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), tem MBA em Jornalismo de Dados pelo IDP.