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Lula: ‘nem Putin, nem Zelensky estão falando em paz nesse momento’

Presidente disse que, neste momento, não há condições para negociar a paz entre Rússia e Ucrânia; veja outras frases

Lula está em Hiroshima, onde participou de encontro da Cúpula do G7 nos últimos dias

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou, neste domingo (21), as posturas dos presidentes da Rússia, Vladimir Putin, e da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, com relação à guerra no país do Leste Europeu - que se iniciou em fevereiro de 2022. Em uma entrevista coletiva realizada em Hiroshima, no Japão, onde se encerrou a Cúpula do G7, Lula disse que ambos os líderes não estão “falando em paz” neste momento.

O presidente citou as visitas recentes do ex-chanceler brasileiro Celso Amorim, enviado por Lula para discutir as condições para a negociação de um plano de paz na Rússia e na Ucrânia.

“Faz 15 dias que eu mandei meu ex-ministro de Relações Exteriores à Ucrânia para falar com o Zelensky. O que eu sinto é que nem o Putin, nem o Zelensky estão falando em paz neste momento”, avaliou. “Parece que os dois acreditam que alguém vai ganhar e que não precisa discutir a paz. E eu estou convencido de que, se não houver uma discussão sobre a paz, essa guerra pode ser muito longa”, concluiu Lula.

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O presidente brasileiro voltou a defender que países que não se envolveram com o fornecimento de armas para algum dos lados da guerra - como Brasil, China, Índia e Indonésia - estão tentando construir uma possibilidade para a paz, mas que isso só é possível “se os dois quiserem”.

Lula também disse que não vê problemas em se reunir, seja com Zelensky ou com Putin, para dialogar sobre algum projeto para a paz, mas que é preciso que haja uma sinalização de Ucrânia e da Rússia para que isso possa avançar.

“A hora que for necessário encontrar com o Zelensky e depois com o Putin, eu não tenho problema nenhum de viajar para a Ucrânia e para a Rússia. Mas, do que ouvi do meu representante é que isso não é possível, nesse instante. Primeiro precisamos ver quando é que um dos dois vai querer discutir a paz”, afirmou.

Lula ainda fez uma crítica a outros países do ocidente sobre a postura em relação a guerra. Nações como os Estados Unidos, a Alemanha e a França, por exemplo, têm enviado armamentos para que a Ucrânia possa se defender dos ataques da Rússia.

“Vocês viram o discurso do Biden [presidente dos Estados Unidos]. Ele não fala em paz, ele fala que a Rússia tem que abandonar e eu não sei se ela vai abandonar. É preciso ter gente que vai construir uma saída para que se encontre a paz”, afirmou. “Todos nós condenamos a ocupação territorial da Ucrânia e não tem ninguém que não condene. Achamos que os russos não têm o direito de fazer isso e que a Ucrânia está certa em defender o seu território. Mais isso vai até quando?”, questionou o presidente brasileiro.

Proposta de paz

Lula disse, ainda, ter se reunido com os presidentes de China (Xi Jinping), da Índia (Narendra Modi) e da Indonésia (Joko Widodo) e que somente os países do “sul global” estão comprometidos com uma solução para o fim da guerra.

“O grupo de países do sul global querem encontrar a paz que o norte não quer fazer. Tem uma parte que quer guerra e uma parte que quer paz. Eu quero que a parte que quer a paz saia vencedora”, concluiu. Por fim, Lula defendeu que é preciso que haja uma espécie de “armistício” para que a negociação pela paz comece a sair do papel.

“Não é possível construir uma proposta de fora para dentro. Primeiro, parem a guerra, parem os tiros, parem as mortes. Aí vamos sentar em um território que eles escolherem e vamos começar uma negociação. Ninguém tem um modelo pronto. O modelo será só deles”, encerrou Lula.

Desencontro com Zelensky

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) explicou, em uma entrevista coletiva na noite deste domingo (21), o motivo de não ter se reunido com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, durante encontro do G7, em Hiroshima, no Japão.

Ao longo dos últimos dias, o presidente se reuniu com diversas lideranças globais e chefes de Estado que estavam presentes ao encontro, mas uma reunião bilateral entre o brasileiro e o ucraniano não saiu do papel.

Questionado por jornalistas sobre o assunto, Lula disse que a comitiva de diplomatas brasileiros que estavam no encontro agendaram uma reunião com Zelensky para a tarde deste domingo - no horário local -, mas que o presidente da Ucrânia não apareceu.

Veja: Lula: ‘nem Putin, nem Zelensky estão falando em paz nesse momento’

“Meus diplomatas estão aqui. Eles marcaram uma agenda às 15h15 e, neste horário, recebemos um recado de que ele estava travado. Eu atendi o presidente do Vietnã durante quase 1 hora e o Zelensky não veio. Foi isso que o aconteceu”, explicou Lula.

Editor de política. Foi repórter no jornal O Tempo e no Portal R7 e atuou no Governo de Minas. Formado em Comunicação Social pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), tem MBA em Jornalismo de Dados pelo IDP.