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Cassação de Deltan Dallagnol será decidida pela Câmara, diz Arthur Lira

Deputado do Paraná teve o registro de candidatura cassado pelo TSE na noite desta terça-feira (16); veja a reação

Deltan Dallagnol teve registro de candidatura cassado por decisão do TSE

O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), disse nesta quarta-feira (17), que a cassação do mandato do deputado federal Deltan Dallagnol (Podemos-PR) será decidida pela Casa. Nesta terça-feira (16), o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) decidiu, por 7 votos a zero, que o registro de candidatura do deputado paranaense nas eleições de 2022 é ilegal. Na prática, isso significa que o ex-procurador do Ministério Público Federal (MPF) deve perder o mandato parlamentar.

Em sessão plenária nesta quarta, Lira disse que a decisão vai ser analisada pela Corregedoria da Câmara dos Deputados e que Deltan terá direito à ampla defesa.

“O mandato deve ser cassado somente por esta Casa”, resumiu Lira a uma questão de ordem levantada pelo deputado Maurício Marcon (Podemos-RS).

Veja mais: Entenda a decisão do TSE que levou à cassação do mandato de Deltan Dallagnol

De acordo com a Constituição Federal, a perda do mandato deve ser declarada pela Mesa Diretora da Câmara e a ampla defesa é assegurada ao parlamentar. Ele terá direito a um prazo de cinco dias úteis para se defender da decisão do Tribunal.

No entendimento de Lira, a Casa ainda precisa ser comunicada oficialmente sobre a decisão do TSE. Em seguida, o processo vai para análise da Corregedoria e o deputado é ouvido.

Cassação de Deltan

Deputado federal mais votado pelo Paraná em 2022, Delta Dallagnol teve o registro de candidatura questionado em duas ações que foram parar no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Uma delas foi movida pela Federação Brasil da Esperança (PT, PCdoB e PV) - e a segunda, pelo Partido da Mobilização Nacional (PMN).

Derrotados em julgamento no Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR), os partidos recorreram da decisão à Justiça Eleitoral em Brasília. Na sessão, todos os sete ministros votaram favoravelmente por declarar o registro de candidatura ilegal.

De acordo com o entendimento dos ministros da Corte Eleitoral, Deltan Dallagnol violou a Lei da Ficha Limpa ao pedir exoneração do cargo de Procurador no Ministério Público Federal (MPF) em meio a ações que respondia no Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP).

“Os magistrados e os membros do Ministério Público que forem aposentados compulsoriamente por decisão sancionatória, que tenham perdido o cargo por sentença ou que tenham pedido exoneração ou aposentadoria voluntária na pendência de processo administrativo disciplinar, pelo prazo de 8 (oito) anos”, diz trecho da Lei da Ficha Limpa correspondente ao caso.

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Para o ministro do TSE, Benedito Gonçalves, ao pedir exoneração do cargo, Dallagnol quis evitar que se tornasse inelegível por oito anos em caso de condenação.

A decisão ainda cabe recurso ao Supremo Tribunal Federal (STF).

Reação de Deltan

Logo após a sessão do TSE, que determinou sua cassação, Deltan Dallagnol chamou a decisão de “vergonha” e que seu sentimento era de “indignação”. A reação, no entanto, veio na tarde desta quarta-feira (16), quando ele fez um pronunciamento na Câmara dos Deputados dizendo que a decisão do TSE se deu por “vingança”, devido à sua atuação como procurador da Lava Jato no combate à corrupção.

Ainda de acordo com o deputado, os “políticos corruptos e seus amigos estão em festa” com a decisão da Justiça Eleitoral e citou os nomes do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o deputado federal Aécio Neves (PSDB-MG), o ex-deputado Eduardo Cunha e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes.

“Fui cassado por vingança. Fui cassado porque ousei o que é mais difícil no Brasil: enfrentar um sistema de corrupção, os corruptos mais poderosos do país. Ousei me unir a tantos brasileiros que quiseram se erguer contra um sistema de corrupção”, afirmou. A coletiva foi organizada pelo Podemos, na sede do Legislativo federal.

Editor de política. Foi repórter no jornal O Tempo e no Portal R7 e atuou no Governo de Minas. Formado em Comunicação Social pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), tem MBA em Jornalismo de Dados pelo IDP.