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Moradores cobram ampliação do número de atingidos por barragem em Barão de Cocais

Mineradora Vale afirma que não tem medido esforços para compensar população que teve que deixar casas em 2019 devido ao risco de rompimento

Audiência pública foi realizada pela Comissão de Administração Pública

Mais de quatro anos após serem retirados às pressas de casa por causa do risco de rompimento da barragem Sul Superior, da mineradora Vale, moradores de Barão de Cocais, na grande Belo Horizonte, afirmam que convivem diariamente com medo, insegurança e não conseguem dormir sem auxílio de remédios.

A empresa, por outro lado, declarou que tem tomado as ações necessárias para reparar os moradores atingidos e que tem o compromisso de indenizar todos os afetados pela situação. (veja a íntegra do posicionamento da Vale ao final do texto)

A situação foi debatida nesta terça-feira (16) em audiência pública realizada pela Comissão de Administração Pública da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). Cerca de 500 pessoas que moravam em comunidades rurais próximas à barragem são consideradas atingidas.

Um dos pleitos dos moradores, no entanto, é que a população que mora perto do rio São João também seja considerada atingida e passe a ter direito a reparação ou indenização, já que sofreria os impactos de um eventual rompimento da barragem.

“O rio corta Barão de Cocais a partir da área rural e atravessa toda a cidade urbana. São cerca de 10 mil pessoas que estão ali muito próximas ao rio”, afirma a coordenadora do Movimento Pela Soberania Popular na Mineração, Maria Júlia Andrade.

“Muitas famílias que naquele 2019 conseguiram sair para casa de familiares, às vezes mudaram de cidade, tiveram que voltar para retomar sua vida. E hoje continuam convivendo com esse terror. E não tem muita solução oferecida, nem pela empresa nem pelo poder público porque elas não são reconhecidas como atingidas”, acrescentou ela.

Responsável por convocar a audiência pública, Beatriz Cerqueira (PT) ressalta que a reunião é uma forma de pressionar para que haja uma solução que garanta a segurança de toda a população.

“São quatro anos em uma situação provisória. Quando eu estive em Barão, muitas pessoas me relataram que sempre tem alguém de vigília porque eles nunca sabem quando e como vai acontecer”, declarou.

A faxineira Marcela Silva de Jesus, que foi retirada às pressas de casa em 2019, afirma que não recebeu nenhum apoio da Vale para enfrentar a situação. “Estou passando por uma dificuldade muito grande. Não estou trabalhando, não tenho como pagar aluguel, já procurei o prefeito, que disse que não pode fazer nada por mim. Então, estou esperando uma posição da Vale”, afirmou ela.

Outro lado

Em nota, a Vale afirmou que as famílias que não terminaram o processo de indenização moram em residências escolhidas por elas próprias com as despesas custeadas pela empresa.

Ainda de acordo com a mineradora, 1.577 pessoas já fecharam acordo e receberam R$ 332 milhões em indenizações individuais.

Confira a nota na íntegra:

“A Vale não tem medido esforços no sentido de reparar e compensar, de maneira definitiva, os transtornos causados em Barão de Cocais. Um dos pilares é a eliminação da barragem Sul Superior, prevista para 2029, tendo como prioridade a segurança das pessoas, dos trabalhadores e do meio ambiente. Ao mesmo tempo, as ações preventivas, corretivas e de monitoramento da barragem têm sido intensificadas, permitindo o aumento da segurança até que as etapas preparatórias e de engenharia para a descaracterização sejam concluídas.

As famílias evacuadas da Zona de Autossalvamento (ZAS) da barragem Sul Superior, que não concluíram seu processo de indenização, estão em moradias escolhidas por elas próprias e têm despesas fixas (IPTU, água e luz), cesta básica e gás custeados pela Vale. As famílias elegíveis recebem acompanhamento psicossocial, pelos profissionais do Programa Referência da Família, e têm à disposição a equipe de Relacionamento com a Comunidade (RC) da Vale.

A Vale reafirma o compromisso de indenizar de forma definitiva todos aqueles que sofreram algum impacto pelas evacuações de território. Em Barão de Cocais, até janeiro deste ano, 1.577 pessoas fecharam acordos de indenização individual com a empresa em função das evacuações ocorridas no território, ultrapassando R$ 332 milhões.”

Repórter de política na Rádio Itatiaia. Começou no rádio comunitário aos 14 anos. Graduou-se em jornalismo pela PUC Minas. No rádio, teve passagens pela Alvorada FM, BandNews FM e CBN, no Grupo Globo. No Grupo Bandeirantes, ocupou vários cargos até chegar às funções de âncora e coordenador de redação na BandNews FM BH. Na televisão, participava diariamente da TV Band Minas e do BandNews TV. Vencedor de 8 prêmios de jornalismo. Já foi eleito pelo Portal dos Jornalistas um dos 50 profissionais mais premiados do Brasil.