O ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, Márcio Macêdo, não teme que o governo federal sofra desgastes por causa da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que vai se debruçar sobre ações do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Nesta segunda-feira (15), Macêdo afirmou que a CPI vai investigar “crimes que não estão presentes” na atuação dos assentados. O
“A CPI é uma ação do Congresso Nacional que temos de respeitar. Tenho muita preocupação com CPIs para não banalizar um instrumento importante como é uma CPI. E, também, não passar uma ideia de que o Congresso Nacional é policialesco e órgão de controle”, disse, à CNN Brasil.
Macêdo, que foi deputado federal pelo PT de Sergipe, elogiou a Feira Nacional do MST, ocorrida no fim de semana passado, em São Paulo (SP). O ministro, assim como o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e
“Fui parlamentar, deputado federal por duas vezes, e tenho muito respeito pelo Congresso e muito orgulho de ter sido deputado. Mas o papel do Congresso é de fazer leis, ajudar a mediar os conflitos na sociedade e poder fiscalizar as ações do Executivo. É como se fosse uma CPI para investigar crimes que não estão presentes. O que vi lá ontem (na feira) foi o contrário disso: um movimento disputando o mercado com seus produtos”, falou.
A ida de ministros à Feira dos Sem Terra ocorreu em meio a tensões entre o movimento e o Palácio do Planalto. Invasões de terras em virtude do “Abril Vermelho”, jornada pensada para dar cartaz à defesa da Reforma Agrária, afetaram a relação entre as partes. Macêdo, inclusive, reconheceu os obstáculos.
“Os movimentos, obviamente, têm suas pautas e jornadas que, às vezes, coincidem com as propostas do governo e, às vezes, não. Temos de ter respeito mútuo. É natural que o MST fizesse seu abril vermelho. Compreendemos, também, que as marchas pela reforma agrária e o processo de ocupação se dê nos marcos da Constituição. É a nossa visão. É óbvio que teve um processo de tensionamento - e isso está superado”, assinalou.
Frente do Agronegócio se irrita
A ida de ministros à Feira do MST desagradou deputados federais ruralistas. O vice-presidente da Frente Parlamentar do Agronegócio (FPA), afirmou, no fim de semana, que, a partir das visitas aos estandes, “o governo arrancou a ponte com o agro”.
Nesta segunda-feira, no Instagram, ele manteve o tom. “Não podemos manter o diálogo que trata o movimento terrorista MST de forma branda. Enquanto os representantes de Lula estão lá confraternizando com os invasores, nós estamos reféns do terrorismo do MST”, escreveu.
Ministro quer agro e agricultura familiar lado a lado
À CNN Brasil, Márcio Macêdo garantiu ter ficado positivamente “impressionado” com as dimensões da Feira do MST e apontou o evento como “demonstração da importância da agricultura familiar”.
Para o ministro, cuja pasta é a “porta de entrada” no governo federal das demandas dos movimentos sociais, não há “contradição” entre a pequena produção e o agronegócio.
“O agronegócio contribui com o Produto Interno Bruto (PIB), com o aumento das exportações, com o aumento favorável da balança comercial brasileira e gera emprego e renda. A agricultura familiar leva comida de verdade, saudável, à mesa do povo brasileiro. Faz com que assentados no país inteiro possam ter seu sustento”, opinou.
CPI do MST terá ‘DNA’ mineiro
O requerimento que permite a instalação da CPI do MST já foi lido em plenário pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). Entre os indicados para compor o colegiado,
O bloco governista também pode ter um representante mineiro. Isso porque, como mostrou a Itatiaia, o nome de Leonardo Monteiro (PT) estaria sendo aventado nos bastidores do Congresso.