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Audiência debate licitação diferente para comida de presos e policiais penais em Minas

Servidores reclamam da má qualidade de comida e dizem ter encontrado larvas, moscas e baratas; deputado critica diferenciação da alimentação

Policiais penais mostraram fotos de alimentos com larvas, moscas e baratas no sistema prisional

Servidores do sistema prisional e socioeducativo de Minas Gerais reclamam da má qualidade da alimentação fornecida pelo Governo do Estado aos profissionais e cobram que haja uma diferenciação na comida servida aos detentos e aos funcionários públicos.

Durante uma audiência pública nesta terça-feira (25), na Comissão de Segurança Pública da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), o presidente do Sindicato dos Policiais Penais, Jean Otoni, afirma que larvas, baratas e até um gambá foram encontrados na alimentação ou em áreas onde os alimentos ficam armazenados.

“O governo está levando essa comida às unidades prisionais com larvas, baratas, moscas e essa comida está sendo servida direto aos policiais penais. Foi encontrado até um gambá no meio dessa alimentação”, denuncia. “A saída para isso é que o governo dê um ticket aos policiais penais como forma de resolver esse problema, para que os policiais penais não estejam comendo essa lavagem que é servida”, completa o sindicalista.

Veja: Comida azeda e falta de água são reivindicações de privados de liberdade, em Ribeirão das Neves

O presidente da Comissão de Segurança Pública, o deputado Sargento Rodrigues (PL), defende que as licitações para os fornecimentos de alimentação para os agentes penais e para os presos sejam diferentes.

“A primeira coisa que deve ser tomada como medida imediata é: quem vai licitar a alimentação do preso é uma empresa e a licitação do fornecimento para o servidor público é outra. Tem que ter outro padrão de exigência”, diz.

“Não posso defender que o policial penal coma a mesma comida do preso. Ele que é o servidor, a pessoa do bem, ele que está defendendo a sociedade, então ele precisa ser tratado com dignidade. Eu não conheço nenhum servidor da Assembleia, do Judiciário, do MP, do Tribunal de Contas que coma a comida do preso”, conclui o parlamentar.

Direitos Humanos

Por sua vez, o deputado Leleco Pimentel (PT) sustenta que é preciso melhorar a qualidade da alimentação dos servidores, mas discorda de quem defende que a alimentação dos presos pode ser de má qualidade.

“Quero lembrar que tenho sido voz destoante dos membros daquela comissão, que apontam um caminho de proteção aos servidores sem a ótica da humanidade. Nossa visão sobre segurança nutricional dietética como direito humano no acesso ao alimento é divergente daqueles que vociferam odiosamente que uns têm direito a comer e outros, não. Como se os presidiários que eles tanto odeiam não fosse o motivo do trabalho e do emprego da maioria dos que se fizeram presentes. Nós defendemos a causa dos trabalhadores, mas quando eles querem para si a segurança alimentar e desprezam o outro, não terão nosso apoio”, explica.

MP investiga empresas que venceram licitação

Empresas que fornecem alimentação para o sistema prisional de Minas Gerais são investigadas pelo Ministério Público de Minas Gerais por uma série de irregularidades, dentre elas fraude em licitações.

Como revelou a Itatiaia em março deste ano, o empresário Adriano Veloso Barbosa, ex-sócio de Alvimar Perrella - que é ex-presidente do Cruzeiro - conseguiu “driblar” uma proibição de assinar contratos com o Governo de Minas Gerais e, nos últimos quatro anos, faturou R$ 118 milhões neste ramo de negócio.

Ele foi sócio de Perrella na Stillus Alimentação, uma empresa que, desde agosto de 2019, está impedida de vender quentinhas para penitenciárias do estado, mas segue no mesmo ramo.

Barbosa foi um dos alvos da Operação Baião de Dois, do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), que cumpriu sete mandados de busca e apreensão para recolher provas para uma investigação de fraude em licitações. Outro alvo da operação foi o próprio Alvimar Perrella, que teve sua casa, em Nova Lima, na região metropolitana de Belo Horizonte, vasculhada pelos investigadores. Ele não estava no local. O processo corre em segredo de Justiça.

O MPMG suspeita que o grupo ligado a Alvimar criou outras três empresas que simulavam ser concorrentes para, dessa forma, participar de processos de licitação e assinar contratos milionários com o Estado.

Editor de política. Foi repórter no jornal O Tempo e no Portal R7 e atuou no Governo de Minas. Formado em Comunicação Social pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), tem MBA em Jornalismo de Dados pelo IDP.
Repórter de política na Rádio Itatiaia. Começou no rádio comunitário aos 14 anos. Graduou-se em jornalismo pela PUC Minas. No rádio, teve passagens pela Alvorada FM, BandNews FM e CBN, no Grupo Globo. No Grupo Bandeirantes, ocupou vários cargos até chegar às funções de âncora e coordenador de redação na BandNews FM BH. Na televisão, participava diariamente da TV Band Minas e do BandNews TV. Vencedor de 8 prêmios de jornalismo. Já foi eleito pelo Portal dos Jornalistas um dos 50 profissionais mais premiados do Brasil.