Ouvindo...

Lula: Prêmio Camões a Chico Buarque corrige ‘absurdo cometido contra a cultura brasileira’

Em Portugal, presidente brasileiro participou de homenagem ao cantor e compositor, condecorado em 2019, mas oficialmente reconhecido nesta segunda (24)

Em Portugal, Lula participou de homenagem a Chico Buarque

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse que a entrega do Prêmio Camões a Chico Buarque, nesta segunda-feira (24), corrige um dos “maiores absurdos” cometidos recentemente contra a cultura brasileira. A declaração foi dada na cidade de Sintra, em Portugal, durante a solenidade de concessão da honraria.

“É uma satisfação corrigir um dos maiores absurdos cometidos contra a cultura nos últimos tempos. Digo isso pois esse prêmio deveria ter sido entregue em 2019 — e não foi. Todos nós sabemos o porquê. O ataque à cultura, em todas as suas formas, foi uma dimensão importante do projeto que a extrema-direita tentou implementar no Brasil”, afirmou Lula, em crítica indireta ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

O Prêmio Camões foi concedido a Chico Buarque quase quatro anos atrás. Bolsonaro, porém, demorou a assinar a documentação reconhecendo a escolha do homenageado. O atraso no trâmite, bem como a pandemia de COVID-19, postergaram o evento.

“Não podemos esquecer que o obscurantismo e a negação das artes também foram uma marca do obscurantismo e das ditaduras que censuraram o próprio Chico no Brasil e em Portugal. Esse prêmio é uma resposta do talento contra a censura; do gênio contra a força bruta”, completou o presidente brasileiro.

Lula esteve na cerimônia ao lado de Margareth Menezes, ministra da Cultura. O presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, também participou. O evento compõe a série de agendas que a comitiva do governo federal cumpre em Portugal até esta terça-feira (25), quando o grupo viaja para a Espanha.


Chico agradece homenagem e relembra trajetória

No discurso de agradecimento pela honraria, Chico Buarque relembrou a trajetória como cantor, compositor e escritor. Ele fez menção a suas origens e citou a trajetória do pai, o escritor, historiador e sociólogo Sérgio Buarque de Holanda.

“Por mais que leia e fale de literatura, por mais que publique romances e contos e por mais que receba prêmios literários, faço gosto em ser reconhecido no Brasil como compositor popular. E, em Portugal, como um gajo que um dia pediu que lhe mandassem um cravo e um cheirinho de alecrim”, falou.

O “cravo” e o “cheirinho de alecrim”, aliás, estão em “Tanto Mar”, canção de Chico sobre a Revolução dos Cravos, em 1974, pondo fim a décadas de ditadura que haviam começado com António Salazar.

A Rádio de Minas. Tudo sobre o futebol mineiro, política, economia e informações de todo o Estado. A Itatiaia dá notícia de tudo.