A ex-presidente Dilma Rousseff (PT) foi indicada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para presidir o Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), também conhecido como Banco dos Brics.
Lula viaja à China no mês que vem, onde se reúne com o presidente chinês Xi Jinping e deve levar ao país asiático a indicação para a instituição financeira que, hoje, é presidida pelo brasileiro Marcos Troyjo, cujo mandato se encerra em 2025. Ele assumiu o cargo em 2020, sucedendo o primeiro presidente do banco, o economista indiano Kundapur Vaman Kamath.
Apesar de Troyjo ainda ter um período de dois anos à frente do cargo, é de interesse do governo Lula que ele renuncie e abra mão do restante de seu mandato. De acordo com a coluna da Mônica Bergamo, na Folha de S. Paulo, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, abriu diálogo com o economista para que ele apresente sua renúncia ao cargo.
Pesa contra Troyjo sua ligação com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o antipetismo. Ele participou de programas de rádio da Jovem Pan em que chamou Lula de “presidiário”. Sua nomeação ao Banco dos Brics foi articulada pelo então ministro da Economia, Paulo Guedes.
Caso Dilma seja oficializada como nova presidente do banco, ela receberá um salário mensal de R$ 290 mil.
O que é o Banco dos Brics
O Novo Banco de Desenvolvimento, como é conhecido o Banco dos Brics é uma instituição financeira que reúne os cinco países que fazem parte dos Brics, que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.
A instituição é um banco de desenvolvimento, com sede em Xangai, na China, cujo objetivo é fomentar projetos de infraestrutura e desenvolvimento. Cada país possui 20% das ações do Banco dos Brics.
A ex-presidente Dilma Rousseff participou da inauguração do banco em 2014, durante uma cúpula dos Brics realizada em Fortaleza, no Ceará. Na ocasião, representantes dos cinco países - Vladimir Putin, Narendra Modi, Xi Jinping e Jacob Zuma - assinaram um acordo que criava a instituição.
Em 2021, o NBD anunciou sua primeira expansão, com o ingresso de três novos integrantes: Uruguai, Emirados Árabes Unidos e Bangladesh.
Repercussão
A indicação de Dilma para a presidência dos Brics vêm sendo criticada por integrantes da oposição e por economistas. O segundo mandato da petista foi marcado por uma recessão econômica que levou ao seu impeachment em 2016, em um processo controverso conduzido pelo então presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha - que, mais tarde foi preso envolvido em escândalos de corrupção.
Em entrevista ao programa “SBT News”, o ex-presidente do Banco Central e ex-ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, disse que a petista não tem o perfil para presidir o Banco dos Brics.
“Ela tem um perfil extenso, já foi ministra de Minas e Energia, foi presidente da República, mas é um perfil diferente de alguém que administra uma instituição financeira cuja função básica é fornecer crédito para os países em desenvolvimento. Falta a experiência de direção de banco, que faz empréstimos, e falta habilidades. É uma experiência muito específica para uma pessoa que vai ser dirigente de uma instituição financeira”, afirmou Meirelles em entrevista.