Às vésperas do retorno dos trabalhos no Poder Legislativo, a Câmara dos Deputados e o Senado Federal concluíram a restauração das primeiras obras que foram vandalizadas durante os
Na segunda-feira (30) o Senado voltou a expor a primeira das 14 obras de arte que foram danificadas durante as invasões do Congresso. O quadro “Trigal na Serra”, do artista gaúcho Guido Mondin, voltou a ser exposto na Sala de Recepção da Presidência da Casa.
A peça em acrílico sobre eucatex mede 92 por 112 centímetros. Após os ataques, a tela, pintada em 1967, foi encontrada no chão, separada da moldura. Fragmentos de vidros quebrados durante a invasão e outros estilhaços provocaram arranhões e perda de policromia. A obra estava encharcada e empenada pela umidade, depois que os vândalos acionaram mangueiras e hidrantes de combate a incêndio.
O conservador Nonato Nascimento, do Laboratório de Restauração do Senado, foi o responsável pela recuperação da obra. O trabalho de higienização começou logo após os ataques, ainda na Presidência da Casa. Com uma trincha macia, Nonato removeu os primeiros fragmentos de vidro. Nos dias que se seguiram, uma série de procedimentos foi adotada para devolver o quadro ao estado original.
A coordenadora do Museu do Senado, Maria Cristina Monteiro, comemorou a finalização da restauração do quadro “Trigal na Serra”, mas revelou que
“A entrega do quadro de Guido Mondin representa um marco na recuperação da destruição que a gente sofreu. É a primeira obra que fica pronta, depois de um sentimento de terra arrasada, um sentimento de guerra que a gente enfrentou. Essa entrega significa um passo em direção à normalidade”, disse Monteiro.
“A tapeçaria de Burle Marx será restaurada em São Paulo. O painel vermelho de Athos Bulcão pode levar de três a quatro meses. Fizemos uma parceria com a Secretaria de Cultura do Distrito Federal, que deve ceder servidores para auxiliar o restauro. O quadro de Gustavo Hastoy, ‘Ato de Assinatura do Projeto da 1ª Constituição’, vai precisar de um projeto específico, porque é muito grande, muito pesado e está chumbado na parede. Vamos precisar contratar um guindaste específico para retirá-lo. Cada peça tem uma história”, explicou.
Câmara dos Deputados
Na Câmara dos Deputados, a primeira peça a ser devolvida foi o muro escultórico de Athos Bulcão, que fica no Salão Verde. O painel, em madeira, que fica ao lado da entrada do Plenário, foi projetado especialmente para o mobiliário arquitetônico do Legislativo, a pedido de Oscar Niemeyer, nos anos 70.
Durante a invasão da Casa por radicais golpistas, no dia 8 de janeiro, a peça foi amassada e sofreu danos em razão do alagamento do salão, provocado pelo acionamento dos sprinklers.
O presidente da Fundação Athos Bulcão, Paulo Brum, acompanhou a recolocação das peças que compõem o muro, lembrando que o trabalho do artista faz parte da identidade cultural de Brasília e seus monumentos. Outra peça do artista, que fica no Senado, ainda passa por processo de restauração.