Um empresário que foi flagrado chorando durante a operação da Guarda Municipal que desmontou um acampamento de bolsonaristas em frente ao Exército, na avenida Raja Gabaglia, entrou na Justiça para tentar manter a manifestação no mesmo local.
Apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) se concentram, desde o fim do segundo turno das eleições, em frente à 4ª Região Militar do Exército, na região Centro-Sul de Belo Horizonte. Sem aceitar a derrota nas urnas, os manifestantes pediam por uma intervenção militar para evitar a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que aconteceu no dia 1º de janeiro.
Após a operação da Guarda Municipal, bolsonaristas retornaram ao local, dessa vez, sem a estrutura que foi recolhida pela Prefeitura de Belo Horizonte em caminhões. Dentre os objetos recolhidos, estão barracas, banheiros químicos, cadeiras e até um sofá. Segundo a prefeitura, não havia alvará para que a estrutura fosse mantida no local.
O empresário alega que os manifestantes não foram avisados previamente sobre a operação da Guarda Municipal e que os agentes usaram de “truculência” durante o desmonte da estrutura.
“Deve realizar-se, ainda, o controle de convencionalidade, para assegurar aos impetrantes o direito líquido e certo de manifestarem na avenida Raja Gabaglia, com seus devidos pertences, em que nada vem atrapalhando o direito de ir e vir dos transeuntes e motoristas que transitam na região”, afirma trecho da ação.
A reportagem entrou em contato com a prefeitura, que já respondeu à Justiça. De acordo com o Executivo municipal, a operação foi baseada em uma decisão do Supremo Tribunal Federal, que determinou a “imediata desobstrução de todas as vias e locais públicos em que os atos criminosos e antidemocráticos em todo o país, contrários à democracia, ao estado de direito, às instituições e à proclamação do resultado das eleições gerais de 2022".
Agressão a jornalistas
Pelo segundo dia seguido, jornalistas que estavam cobrindo os atos antidemocráticos na avenida Raja Gabaglia foram agredidos por apoiadores de Bolsonaro. Nesta quinta-feira (5), um fotógrafo foi alvo de violência e, hoje, repórteres, cinegrafistas e fotógrafos também foram atacados.
Mais cedo, o secretário municipal de Segurança e Prevenção, Genilson Zeferino, disse que a Guarda nunca havia lidado “com esse nível de organização”.
“Aquele evento de hoje e de ontem, de agressão, foi feito por pessoas deliberadas, parece que são escaladas para fazer esse trabalho. Se percebe um nível de organização dessas pessoas, e a gente que lida com a segurança em Belo Horizonte o tempo todo, nunca lidamos com esse nível de organização e de hierarquia”, explicou.