Tutores de pet já se acostumaram com a roupa, o sofá ou o chão cheio de pelos, pois há um processo natural de renovação da pelagem que ocorre ciclicamente, influenciada pela luz solar e temperatura. Porém, quando essa queda produz em falhas visíveis, áreas calvas (alopécicas) ou vem acompanhada de coceira e feridas, o sinal de alerta dos tutores deve acender.
A alopecia canina não é uma doença em si, mas um sinal clínico. Ela é o sintoma visível de que algo no organismo do animal, seja na pele ou no sistema hormonal, não está ok. O problema é que muitos tutores tentam tratar a “falta de pelo” com pomadas genéricas, sem investigar a causa raiz.
Uma falha na pelagem pode mascarar desde um simples fungo até doenças endócrinas graves, como o hipotireoidismo ou o hiperadrenocorticismo (Síndrome de Cushing). Mas para o diagnóstico correto, o médico veterinário avalia o padrão da alopecia: se é focal (apenas um ponto), multifocal (vários pontos) ou simétrica (nos dois lados do corpo).
O Conselho Regional de Medicina Veterinária de São Paulo (CRMV-SP), porém, tem orientações técnicas e reforça frequentemente o perigo do autodiagnóstico e destaca a complexidade do diagnóstico dermatológico:
“As doenças de pele podem ser muito parecidas visualmente, mas ter causas completamente diferentes. O tratamento sem o diagnóstico correto, feito por meio de exames como raspados de pele e culturas, pode agravar o quadro e mascarar doenças mais sérias”, alertam as diretrizes de orientação técnica da classe.
A Alopecia X merece destaque, devido à popularidade da raça Spitz Alemão no Brasil. Nesses casos, o cão, geralmente jovem adulto, começa a perder a pelagem no tronco e pescoço, ficando com uma aparência de “filhote” ou com a pele escurecida (processo chamado de hiperpigmentação), mas permanece clinicamente saudável.
Mas, mais uma vez, o diagnóstico correto depende da avaliação de um médico veterinário, pois não existe um exame de sangue único que aponte para a Alopecia X. O profissional precisará descartar outros diagnósticos antes de fechar esse.
Cuidado com o fator emocional
Há ainda a possibilidade de Dermatite Acral por Lambedura, muitas vezes ligada ao estresse e ansiedade de separação. O cão lambe compulsivamente uma pata ou flanco até remover o pelo e causar feridas.
A dermatologista veterinária Camila Domingues, da na UniCare Vet Campinas, lembra que a saúde mental impacta a física:
“Animais que ficam muito tempo sozinhos, sem enriquecimento ambiental, podem desenvolver comportamentos estereotipados, como a automutilação. Nesses casos, o tratamento da pele não resolve se não tratarmos a mente do cão e a rotina da casa”.