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Nada de forçar o cão a comer; entenda possíveis causas da recusa de ração

Conduta responsável envolve compreender as causas e buscar soluções que garantam tanto a saúde quanto o bem-estar do pet

Manter a observação atenta ao comportamento alimentar e procurar orientação profissional são os passos mais seguros para lidar com a recusa de ração

A recusa de um cachorro em comer ração é um comportamento que preocupa tutores e pode indicar desde uma simples preferência alimentar até problemas de saúde que exigem atenção imediata.

Muitos associam o ato apenas à “manha” do pet, mas especialistas alertam que a alimentação desbalanceada compromete o bem-estar, o crescimento e a imunidade dos cães.

Segundo a médica-veterinária Thaís Matos, consultora da DogHero, é essencial observar o contexto em que o animal apresenta a recusa: “Alterações no apetite podem ter múltiplas causas, desde a falta de adaptação ao alimento oferecido até condições médicas mais sérias. O tutor precisa estar atento e, em casos de persistência, buscar atendimento veterinário”.

Entre as razões mais comuns estão fatores comportamentais e emocionais, como mudanças na rotina, estresse ou falta de estímulos, além de problemas relacionados ao alimento, como sabor, textura ou mesmo a baixa qualidade da ração.

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Do ponto de vista clínico, doenças gastrointestinais, infecções, dores dentárias e até alterações hormonais também podem estar por trás da falta de apetite.

Para auxiliar na identificação, a Associação Brasileira de Veterinários de Animais de Companhia (ABHVet) indica observar sinais de alerta que acompanham a recusa alimentar:

  • perda de peso repentina;
  • vômitos ou diarreia frequentes;
  • apatia ou mudança de comportamento;
  • recusa em beber água;
  • salivação excessiva.

Caso um ou mais desses sintomas apareçam, a recomendação é procurar imediatamente atendimento profissional. “O diagnóstico precoce aumenta as chances de recuperação e evita complicações sérias”, afirma a ABHVet em nota técnica.

Além da investigação médica, algumas medidas preventivas podem ajudar a estimular a aceitação da ração, como oferecer o alimento em horários regulares, evitar excessos de petiscos e variar a forma de apresentação da comida, como aquecer levemente ou adicionar pequenas quantidades de alimentos úmidos específicos para cães.

No entanto, a substituição da ração por comida caseira deve sempre ser orientada por um veterinário, já que dietas desequilibradas podem causar deficiências nutricionais.

A médica-veterinária Silvia Angélico, da Sociedade Brasileira de Nutrição de Animais Domésticos (SBNutri), reforça que a persistência do quadro não deve ser ignorada: “O apetite é um dos principais indicadores de saúde. Quando o cão deixa de comer por mais de 24 horas, é um sinal de alerta que requer atenção imediata”.

Jessica de Almeida é repórter multimídia e colabora com reportagens para a Itatiaia. Tem experiência em reportagem, checagem de fatos, produção audiovisual e trabalhos publicados em veículos como o jornal O Globo e as rádios alemãs Deutschlandfunk Kultur e SWR. Foi bolsista do International Center for Journalists.