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Ave exótica: criar uma cacatua exige cuidados especiais; saiba detalhes

Criação da espécie exige responsabilidade, respeito à legislação ambiental e cuidados que garantam bem-estar durante toda vida do pet, que pode viver décadas

Algumas espécies de cacatua podem viver até 80 anos, o que representa um compromisso de longo prazo

Apesar da beleza e da inteligência, manter uma cacatua em casa exige atenção redobrada: trata-se de um animal silvestre, cuja criação depende de autorização do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Além disso, algumas espécies podem viver até 80 anos, o que representa um compromisso de longo prazo.

Segundo o Ibama, a criação de animais silvestres só é permitida quando o tutor comprova a origem legal e cumpre as normas de bem-estar. “Manter um animal sem registro é crime ambiental, sujeito a multa e detenção”, destaca o órgão em nota oficial.

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Características e comportamento da espécie

Originárias da Oceania e do sudeste asiático, as cacatuas chamam atenção pelo porte médio (entre 40 e 50 centímetros), plumagem variada e grande inteligência. São aves que socializam facilmente com humanos e outros animais, e criam vínculos de dependência com o tutor.

Elas não falam como papagaios, mas reproduzem sons e músicas, chegando a dançar ao ritmo delas. O topete também funciona como termômetro de humor: erguido, indica alerta; deitado, tensão; relaxado, tranquilidade.

De acordo com o Conselho Regional de Medicina Veterinária de São Paulo (CRMV-SP), “aves psitacídeas, como as cacatuas, precisam de estimulação mental e espaços amplos, pois em ambientes restritos tendem a desenvolver estresse e comportamentos autodestrutivos”.

Cuidados essenciais com a cacatua

Além da licença ambiental, criar uma cacatua exige dedicação com alimentação, espaço e saúde. Veterinários especializados em animais silvestres reforçam que a rotina de cuidados deve ser constante e preventiva:

  • Alimentação balanceada, com rações específicas para psitacídeos, frutas, sementes e grãos variados, sempre com acompanhamento veterinário;
  • O ambiente adequado deve ter espaço amplo, seguro e enriquecido, que permita voo e exploração;
  • Saúde em dia: consultas periódicas, higiene do viveiro, prevenção da obesidade e atenção a doenças comuns, como a do bico e das penas.
  • Estimulação mental, com brinquedos brinquedos, mordedores e interação diária com o tutor para evitar tédio e ansiedade.

Segundo o Manual de Manejo de Aves do Ibama, é fundamental evitar alimentos tóxicos, como abacate e sementes de maçã, e nunca oferecer produtos industrializados.

Compromisso de longo prazo

Além dos cuidados diários, há também o fator financeiro: espécies como a cacatua-alba podem custar entre R$ 15 mil e R$ 25 mil, enquanto variedades raras, como a cacatua negra, ultrapassam R$ 100 mil. Somam-se ainda os gastos com exames, consultas, alimentação e brinquedos.

“Quem decide adquirir uma cacatua precisa entender que se trata de um compromisso de décadas, que envolve tempo, espaço e recursos financeiros”, afirma o Ibama em seu guia sobre criação de aves.

Jessica de Almeida é repórter multimídia e colabora com reportagens para a Itatiaia. Tem experiência em reportagem, checagem de fatos, produção audiovisual e trabalhos publicados em veículos como o jornal O Globo e as rádios alemãs Deutschlandfunk Kultur e SWR. Foi bolsista do International Center for Journalists.