Apesar da beleza e da inteligência, manter uma cacatua em casa exige atenção redobrada: trata-se de um animal silvestre, cuja criação depende de autorização do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Além disso, algumas espécies podem viver até 80 anos, o que representa um compromisso de longo prazo.
Segundo o Ibama, a criação de animais silvestres só é permitida quando o tutor comprova a origem legal e cumpre as normas de bem-estar. “Manter um animal sem registro é crime ambiental, sujeito a multa e detenção”, destaca o órgão em nota oficial.
Características e comportamento da espécie
Originárias da Oceania e do sudeste asiático, as cacatuas chamam atenção pelo porte médio (entre 40 e 50 centímetros), plumagem variada e grande inteligência. São aves que socializam facilmente com humanos e outros animais, e criam vínculos de dependência com o tutor.
Elas não falam como papagaios, mas reproduzem sons e músicas, chegando a dançar ao ritmo delas. O topete também funciona como termômetro de humor: erguido, indica alerta; deitado, tensão; relaxado, tranquilidade.
De acordo com o Conselho Regional de Medicina Veterinária de São Paulo (CRMV-SP), “aves psitacídeas, como as cacatuas, precisam de estimulação mental e espaços amplos, pois em ambientes restritos tendem a desenvolver estresse e comportamentos autodestrutivos”.
Cuidados essenciais com a cacatua
Além da licença ambiental, criar uma cacatua exige dedicação com alimentação, espaço e saúde. Veterinários especializados em animais silvestres reforçam que a rotina de cuidados deve ser constante e preventiva:
- Alimentação balanceada, com rações específicas para psitacídeos, frutas, sementes e grãos variados, sempre com acompanhamento veterinário;
- O ambiente adequado deve ter espaço amplo, seguro e enriquecido, que permita voo e exploração;
- Saúde em dia: consultas periódicas, higiene do viveiro, prevenção da obesidade e atenção a doenças comuns, como a do bico e das penas.
- Estimulação mental, com brinquedos brinquedos, mordedores e interação diária com o tutor para evitar tédio e ansiedade.
Segundo o Manual de Manejo de Aves do Ibama, é fundamental evitar alimentos tóxicos, como abacate e sementes de maçã, e nunca oferecer produtos industrializados.
Compromisso de longo prazo
Além dos cuidados diários, há também o fator financeiro: espécies como a cacatua-alba podem custar entre R$ 15 mil e R$ 25 mil, enquanto variedades raras, como a cacatua negra, ultrapassam R$ 100 mil. Somam-se ainda os gastos com exames, consultas, alimentação e brinquedos.
“Quem decide adquirir uma cacatua precisa entender que se trata de um compromisso de décadas, que envolve tempo, espaço e recursos financeiros”, afirma o Ibama em seu guia sobre criação de aves.