Ouvindo...

Convivência entre crianças e cães é positiva, mas exige atenção dos responsáveis

A ideia de que crianças devem ‘aprender com a responsabilidade’ de cuidar de um pet é comum, mas pode ser perigosa

Guia do Ministério da Saúde orienta sobre os benefícios e cuidados necessários para um relacionamento seguro entre crianças e pets

A relação entre crianças e cães pode ser extremamente benéfica para o desenvolvimento afetivo, social e até imunológico dos pequenos.

No entanto, especialistas alertam que a convivência saudável exige orientação, supervisão e responsabilidades bem definidas entre adultos e crianças.

Deixar que a criança assuma tarefas sozinha ou tratar o cão como brinquedo são práticas desaconselhadas, tanto para a segurança da criança quanto para o bem-estar do animal.

Segundo o Guia para Pais e Cuidadores sobre Prevenção de Acidentes com Crianças, publicado pelo Ministério da Saúde, os acidentes com animais ocupam uma das primeiras posições entre causas externas de lesões em crianças no Brasil.

Por isso, o órgão recomenda supervisão constante, especialmente quando a criança tem menos de 10 anos.

“Embora os animais de estimação possam ser fontes de aprendizado e afeto, também apresentam riscos se os cuidadores não estiverem atentos à interação”, explica a cartilha.

Leia também

Animais não são brinquedos

A ideia de que a criança deve “aprender com a responsabilidade” de cuidar de um pet é comum, mas pode ser perigosa.

A médica veterinária Maria Helena Trapp, pesquisadora da Escola de Veterinária da UFMG, afirma em entrevista à Agência Minas que a presença de um cão na vida da criança só deve acontecer se os adultos da casa estiverem plenamente envolvidos nos cuidados.

“A criança pode participar, sim, mas de forma lúdica e supervisionada. Não se deve exigir que ela alimente ou limpe o animal sozinha. O tutor é sempre o adulto”, reforça a especialista.

Além disso, nem todos os cães são naturalmente sociáveis com crianças. Raças, histórico de socialização e temperamento individual devem ser avaliados.

Segundo o Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV), muitos episódios de mordidas envolvem situações em que o cão foi provocado involuntariamente, por exemplo, durante brincadeiras que simulem agressividade ou em momentos de alimentação e descanso.

Para garantir uma convivência segura entre crianças e cães, o CFMV recomenda:

  • Supervisão constante durante as interações;
  • Ensinar a criança a respeitar o espaço e o corpo do animal;
  • Evitar brincadeiras agressivas ou que simulem lutas;
  • Oferecer ao cão um ambiente com rotinas e espaços seguros;
  • Buscar orientação de adestradores e veterinários em casos de comportamento agressivo ou ansioso.
Jessica de Almeida é repórter multimídia e colabora com reportagens para a Itatiaia. Tem experiência em reportagem, checagem de fatos, produção audiovisual e trabalhos publicados em veículos como o jornal O Globo e as rádios alemãs Deutschlandfunk Kultur e SWR. Foi bolsista do International Center for Journalists.