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Cachorro comendo papel? Comportamento é mais sério e arriscado do que parece

Ingestão de papel pode causar desde desconforto até obstrução intestinal; especialistas explicam riscos, causas e como ensinar o pet a abandonar o hábito

O papel pode até ser um passatempo curioso para o pet, mas a responsabilidade de garantir que isso não traga riscos é sempre do tutor

Quem tem cachorro já deve ter passado por episódios de mastigar ou até engolir objetos nada convencionais, como papel higiênico, guardanapos, jornais ou embalagens. Apesar de comum, esse comportamento pode trazer sérios problemas à saúde do animal e exige atenção.

De acordo com a médica-veterinária Mayara de Souza, da rede Petz, “o papel pode ficar entalado na garganta e causar diferentes sintomas. Em alguns casos, a obstrução exige intervenção cirúrgica”.

A ingestão de papel também pode provocar prisão de ventre, vômitos, dor abdominal e até risco de morte, especialmente quando há formação de bloqueios no trato digestivo.

Outro fator preocupante é que a celulose, componente básico do papel, não é digerida pelo organismo. Quando acumulada, pode fermentar e gerar gases, mal-estar e inapetência, alerta o Canal do Pet/IG.

Em papéis impressos, como jornais, a situação é ainda mais grave pelo risco de intoxicação devido à tinta.

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O hábito pode estar relacionado à curiosidade natural, ao tédio, à ansiedade ou a distúrbios comportamentais como a pica — condição caracterizada pela ingestão repetida de itens não comestíveis.

Segundo o Blog da Cobasi, filhotes são mais propensos a explorar objetos com a boca, mas adultos também podem desenvolver o comportamento se não tiverem estímulos adequados ou apresentarem questões emocionais.

Falta de gasto de energia física e mental é outro gatilho. “Quando o cão não tem atividades enriquecedoras, tende a procurar outras formas de entretenimento, e rasgar papel pode se tornar um passatempo”, explica a veterinária Marcia Oliveira, em entrevista ao Petz Blog.

Como prevenir e proteger o animal

A prevenção combina manejo ambiental, estímulo físico e mental e treinamento positivo. Entre as principais recomendações de especialistas estão:

  • Reduzir o acesso ao papel, mantendo o lixo fechado, portas de banheiros e escritórios fechadas e papéis fora do alcance do cão;
  • Estimular com atividades adequadas, brinquedos para roer, enriquecimento ambiental e passeios diários para diminuir o tédio;
  • Evitar papéis potencialmente tóxicos ao alcance, como jornais coloridos ou impressos, pois podem conter substâncias prejudiciais. Os tutores devem preferir tapetes higiênicos próprios para cães;
  • Treinar comandos de interrupção, como “não” ou “deixa”, com reforço positivo e redirecionamento para brinquedos seguros;
  • Sinais de desconforto como falta de apetite, vômitos, dor abdominal ou ausência de evacuação exigem avaliação veterinária imediata;
  • Caso o hábito persista, um médico-veterinário ou adestrador comportamental pode identificar causas e indicar estratégias personalizadas.

Segundo o Canal do Pet/IG, a rapidez no atendimento é decisiva para evitar complicações. Em casos de ingestão de grande volume de papel ou de objetos engolidos junto, pode ser necessário exame de imagem para verificar obstruções.

Jessica de Almeida é repórter multimídia e colabora com reportagens para a Itatiaia. Tem experiência em reportagem, checagem de fatos, produção audiovisual e trabalhos publicados em veículos como o jornal O Globo e as rádios alemãs Deutschlandfunk Kultur e SWR. Foi bolsista do International Center for Journalists.