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Calopsitas podem ser carinhosas como cães e gatos? entenda

Quando há atenção, respeito ao tempo do animal e cuidados diários consistentes, o resultado é uma relação afetiva sólida e com comportamentos carinhosos

Algumas calopsitas são naturalmente mais confiantes, enquanto outras podem precisar de mais tempo para se adaptarem ao contato humano

A ideia de que apenas cães e gatos são capazes de expressar carinho está sendo desafiada por quem convive com aves domesticadas, especialmente as calopsitas.

Conhecidas por sua vocalização expressiva, penacho erguido e comportamento sociável, essas aves podem desenvolver laços profundos com seus tutores e demonstrar afeto de formas surpreendentes.

O comportamento dócil, aliado à inteligência emocional e capacidade de socialização, permite que calopsitas sejam consideradas, sim, animais carinhosos.

De acordo com o médico veterinário especialista em animais silvestres e exóticos Diogo Madeira, da Universidade Estadual do Ceará (UECE), calopsitas criadas com manejo adequado e em ambientes enriquecidos têm grande capacidade de formar vínculos com humanos.

“A ave aprende a reconhecer o tutor como parte do seu grupo social e passa a expressar comportamentos de afiliação, como vocalizações específicas, aproximação voluntária e até mesmo o ato de ‘pedir cafuné’, abaixando a cabeça para receber carinho”, explicou em entrevista ao portal G1.

Outro fator importante é a personalidade individual de cada ave. Algumas calopsitas são naturalmente mais confiantes, enquanto outras podem precisar de mais tempo para se adaptarem ao contato humano.

Segundo o Manual de Aves do Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV), o estímulo desde filhotes, com manipulação gentil e interação regular, é essencial para que as aves desenvolvam confiança e se tornem carinhosas ao longo do tempo.

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Convivência exige rotina, atenção e estímulo positivo

Para que a calopsita expresse comportamentos afetivos, o ambiente deve oferecer estímulos positivos e interações frequentes. Isso envolve tanto o cuidado físico, como alimentação balanceada e espaço adequado para voo e exploração, quanto o emocional, com dedicação de tempo, comunicação e atenção aos sinais da ave.

“São animais muito sensíveis. Uma calopsita que não recebe atenção suficiente pode desenvolver comportamentos indesejados como gritar excessivamente, arrancar penas ou ficar apática”, alerta a médica-veterinária Silvia Stelzer, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), em cartilha educativa sobre aves pet.

Ela destaca ainda que o vínculo criado com o tutor pode ser tão intenso que a ave o acompanhará pela casa, vocalizando quando sentir saudade ou necessidade de companhia.

Além disso, estudos indicam que as calopsitas possuem capacidades cognitivas que favorecem essa relação próxima.

Um artigo da revista científica Applied Animal Behaviour Science destacou que calopsitas reconhecem padrões, memorizam rotinas e até aprendem palavras e assobios com base na repetição, habilidades que estreitam a relação com humanos.

Sinais de carinho em calopsitas:

  • Vocalizações suaves na presença do tutor;
  • Aproximação voluntária e permanência no ombro ou mão;
  • Ato de abaixar a cabeça para receber carinho;
  • Estufar as penas e fechar parcialmente os olhos durante o contato;
  • Seguir o tutor pela casa ou chamá-lo com assobios.
Jessica de Almeida é repórter multimídia e colabora com reportagens para a Itatiaia. Tem experiência em reportagem, checagem de fatos, produção audiovisual e trabalhos publicados em veículos como o jornal O Globo e as rádios alemãs Deutschlandfunk Kultur e SWR. Foi bolsista do International Center for Journalists.