O tema “banho em gatos” é cercado de controvérsias. Enquanto alguns tutores acreditam ser essencial para a higiene felina, especialistas alertam que, na maioria dos casos, o banho não é necessário e pode até ser prejudicial.
Gatos são animais meticulosos com sua higiene, realizando a autolimpeza várias vezes ao dia.
Segundo a médica-veterinária Vanessa Zimbres, “os felinos veem o banho como se fosse uma forma de sujá-los, e não de limpá-los”.
Tanto é que, após o banho, é comum que o gato se lambe intensamente para remover odores estranhos, o que pode aumentar a ingestão de pelos e levar a problemas como gastrite ou vômitos de bolas de pelos.
Mas há situações específicas em que o banho é recomendado, de acordo com a especialista, como no caso de doenças dermatológicas.
Condições como dermatites ou infestações por parasitas podem exigir banhos terapêuticos com produtos específicos.
Se houver contaminação por substâncias tóxicas, como casos em que o gato entra em contato com produtos químicos ou substâncias perigosas, pode ser preciso um banho (e de uma ida ao veterinário, dependendo do caso).
Gatos de pelo longo podem precisar de banhos ocasionais para evitar nós e acúmulo de sujeira, principalmente se não forem adeptos da escovação.
Por fim, animais com mobilidade reduzida, idosos ou com limitações físicas, podem demandar auxílio na higiene.
Cuidados no banho
Se o banho for necessário, o bichano precisa de um ambiente tranquilo, silencioso e sem correntes de ar, e água morna, já que temperaturas extremas causam desconforto.
A Purina, empresa de nutrição animal, recomenda, em seu site, o uso de produtos específicos, como shampoos formulados para gatos. Cosméticos para humanos, quando usados em gatos, podem ser prejudiciais à pele felina.
O Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo (CRMV-SP) enfatiza, inclusive, que “banho com produtos específicos é indispensável para manter a higiene dos gatos”.
Para uma secagem adequada, o ideal é uma toalha macia e, se necessário, um secador em temperatura baixa e sem ruídos intensos.
Orientação profissional
Antes de decidir pelo banho, é bom consultar um médico-veterinário. Zimbres ressalta que “dar banho sem necessidade clínica ou por estética nunca é uma boa ideia”.
Isso porque o banho em gatos deve ser uma exceção, reservado para casos específicos e sempre com a devida orientação veterinária.
Alternativas ao banho tradicional
Para a maioria dos gatos saudáveis, o banho com água e shampoo pode ser evitado com o uso de alternativas menos estressantes, como escovação regular, lenços umedecidos próprios para pets e até espumas de limpeza a seco.
Segundo o Manual de Medicina Felina da Sociedade Brasileira de Clínicos de Felinos (SBCF), a escovação frequente é uma prática altamente recomendada para todas as raças, principalmente as de pelo longo.
Além de reduzir a formação de nós e remover sujeiras, ajuda a prevenir a ingestão excessiva de pelos durante a autolimpeza, o que diminui o risco de tricobezoares (as chamadas “bolas de pelo”).
Já as espumas e sprays de limpeza a seco têm se popularizado como uma solução prática para higienização ocasional.
Marcas como Virbac e Pet Society oferecem produtos específicos para felinos que dispensam o enxágue e possuem fórmulas suaves, com pH balanceado.
A professora da Faculdade de Medicina Veterinária da USP, Rosângela Zacarias, destaca que “em gatos domésticos, que vivem exclusivamente dentro de casa, os cuidados com a higiene podem ser mantidos com escovação semanal e produtos tópicos, sem necessidade de banhos frequentes, que podem causar estresse fisiológico significativo”.