Na reunião da Câmara Municipal de Ouro Preto desta quinta-feira (02), a Tribuna Livre foi utilizada por servidores da Fundação de Arte de Ouro Preto (FAOP), que reivindicaram melhores condições salariais e a revisão do Plano de Carreira da instituição. O movimento foi representado pela servidora pedagoga Nayara Casazza de Sales, que leu o discurso em nome da Comissão do Plano de Carreira, destacando a relevância da FAOP para a preservação do patrimônio e para a formação artística em Minas Gerais e no Brasil.
Fundada em 1968, a FAOP mantém núcleos de Arte e Ofícios, Conservação e Restauração, além do Laboratório de Conservação Jair Afonso Inácio e da Galeria Nello Nuno, sendo reconhecida como patrimônio cultural material e imaterial de Minas Gerais. Atualmente, são cerca de 64 servidores atendendo aproximadamente 450 alunos em diferentes cursos.
Segundo a servidora Nayara Casazza , apesar dessa importância, os salários estão muito abaixo da média. Sem valorização, a continuidade da FAOP em Ouro Preto pode estar ameaçada
“Com a manutenção dessas condições, a tendência contínua é a evasão de professores e técnicos, o que leva, sem exageros, até mesmo o fim das atividades da FAOP em Ouro Preto. E sem a FAOP, todo o histórico e números apresentados, é fácil perceber uma perda irreparável para Ouro Preto e região. Por isso, clamamos pelo suporte dos membros dessa Câmara de Vereadores, com o apoio de vocês, aumenta a nossa chance de vitória nessa luta tão necessária. É por isso que estamos aqui hoje, para solicitar o apoio desta casa legislativa. Nossa Comissão organiza a luta pela revisão e elaboração do plano de carreira da FAOP, mas sabemos que o processo decisivo acontece junto à Assembleia Legislativa de Minas Gerais. Para isso, pedimos que esta Câmara se reúna em um esforço conjunto para sensibilizar os depoimentos. Deputados mineiros”, discursou Nayara Casazza de Sales.
O vereador Matheus Pacheco ressaltou a importância da mobilização dos servidores e sugeriu que as Comissões de Educação e Cultura da Câmara conduzam uma articulação junto ao Governo de Minas para abertura de diálogo. Ele também destacou que o momento exige unidade e compromisso político:
“O que os servidores pedem hoje é apoio. Ano que vem teremos eleições e todos estarão com os olhos voltados para a política, mas é fundamental que essa causa não seja esquecida. Proponho que a Comissão de Educação e a de Cultura liderem a construção de uma mesa de diálogo com o Estado.”
O vereador Renato Zoroastro lembrou que a luta dos servidores não é nova e denunciou o processo de sucateamento da cultura e da educação no Estado:
“O problema já é conhecido, mas não podemos apenas escutar. Precisamos agir. A FAOP não pode fechar, isso seria um grande retrocesso para a cidade e para a cultura mineira.”
A vereadora Lilian França também manifestou apoio, afirmando que vai interceder junto ao deputado Alencar da Silveira e destacou a possibilidade de destinação de emendas parlamentares.
“É fundamental que a FAOP já esteja com projetos prontos para receber emendas, mas quero reforçar meu compromisso em apoiar a Fundação.”
Já o vereador Kuruzu fez uma fala mais política, criticando a falta de investimentos do governo na área cultural:
“A direita não gosta da cultura, não gosta de nada que incentive o pensamento crítico. Nossa maior contribuição é não apoiar candidatos de direita nas próximas eleições.”
A servidora Maria Maurita Moreira Rodrigues, técnica de cultura da FAOP, pediu a palavra ao final para reforçar a necessidade de manter a pauta fora das disputas ideológicas.
“Queremos muito o apoio da Casa, mas que a questão não seja politizada. Na FAOP temos pessoas de todas as posições, e quando isso entra no jogo partidário, perdemos força. A nossa luta é por salários dignos, não é uma disputa entre direita e esquerda.”
Maurita ainda destacou que, embora emendas sejam importantes para manutenção de prédios e projetos, a reivindicação prioritária dos servidores é a melhoria salarial.