Ouro Preto recebeu na noite desta quarta-feira (19) uma palestra da arqueóloga peruana Ana Cecilia Mauricio Llonto, realizada no Anexo do Museu da Inconfidência. A pesquisadora, professora da Pontifícia Universidade Católica do Peru (PUCP) e referência no estudo de civilizações andinas antigas, apresentou ao público imagens, análises preliminares e informações sobre as próximas etapas de uma investigação arqueológica em andamento.
A apresentação integrou a Conferência sobre as Recentes Descobertas Arqueológicas no Peru e teve como foco a revelação de um mural pré-hispânico datado de mais de três mil anos, identificado por uma equipe de arqueólogos coordenada por Ana Cecilia. O achado vem sendo apontado pela especialista como um dos mais relevantes da última década no país.
“As descobertas têm grande importância porque revelam parte da nossa história antiga registrada nos sítios arqueológicos. Por meio delas, é possível reconstruir o passado e compreender processos que moldaram nossa trajetória”, destacou a professora.
O mural foi encontrado na região norte do Peru e reúne elementos geométricos e figuras de caráter zoomorfo. As características observadas remetem a sociedades agrícolas que ocuparam o território andino antes do surgimento do Império Inca. A equipe de pesquisa trabalha com a possibilidade de que a obra esteja vinculada à cultura Cupisnique, civilização pré-incaica que se desenvolveu entre aproximadamente 1500 a.C. e 200 a.C.
Durante a palestra, Ana Cecilia afirmou que o material encontrado contribui para ampliar o entendimento sobre a organização social e religiosa dessas comunidades. Segundo ela, o mural fornece indícios sobre práticas simbólicas e modos de representação utilizados pelos grupos que habitaram a região. A pesquisadora destacou que o estudo ainda se encontra em curso e que o conteúdo apresentado corresponde às primeiras interpretações produzidas pela equipe.
O encontro foi promovido pela Embaixada do Peru no Brasil e contou com a presença do cônsul honorário do Peru em Belo Horizonte, David Guzmán. Em sua participação, ele ressaltou o impacto da descoberta para os estudos arqueológicos do país e para o conhecimento sobre sociedades antigas da América do Sul, além da sua relação com Minas Gerais.
“Minas possui uma história ampla e rica, não apenas ligada à mineração, mas também ao conhecimento ancestral. Estou ansioso para que conheçam também o lado peruano — aquilo que temos, que descobrimos e que guarda valor histórico. Nossa proposta é justamente difundir esse conhecimento”, afirmou o cônsul.
A atividade atraiu estudantes e pesquisadores de Ouro Preto, entre eles alunos da Escola de Minas da Universidade Federal de Ouro Preto, instituição que completou 149 anos e mantém atuação contínua na formação e na produção científica relacionada aos setores de mineração, geociências e patrimônio.