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Indústria e tecnologia: ‘o futuro é a automação de sistemas complexos’

Em entrevista, o instrutor de formação profissional do Senai, Wellington Santos, explica como a tecnologia pode otimizar a produção no setor industrial

A implementação de sistemas robustos transforma operações manuais em processos ágeis e eficientes

A modernização dos processos industriais por meio do desenvolvimento de sistemas não é mais uma realidade distante ou exclusiva para grandes corporações. Em um cenário de constante evolução, a automação de tarefas e a análise de dados se tornaram ferramentas essenciais para aumentar a competitividade, otimizar a produção e reduzir prejuízos.

Em entrevista à Itatiaia, Wellington Santos, instrutor de formação profissional do Senai na área de Tecnologia da Informação, aponta como a implementação de sistemas robustos transforma operações manuais em processos ágeis e eficientes. Ele explica que, embora o investimento inicial possa gerar receio, os benefícios a longo prazo, como o aumento do lucro e a melhoria na qualidade dos produtos, são significativos.

Confira a entrevista completa:

O que é o desenvolvimento de sistemas?

Poderia nos dar um exemplo prático de como um sistema novo pode mudar o funcionamento de uma indústria tradicional, como uma fábrica de calçados ou de alimentos?

“De forma simples, imagine que você precisa anotar em um caderno, todos os dias, a data, a hora, e quantos ml de água você bebeu até somar 2 litros. Isso é algo sistêmico, concorda? Mas, mesmo sendo sistêmico, ainda é um processo manual, demorado e pouco eficaz. O desenvolvimento de sistemas serve para facilitar tarefas, agilizar processos e obter resultados rápidos. Pense que você pode programar toda essa sequência de passos e executá-la automaticamente, tornando sua tarefa sistematicamente mais fácil e eficaz.

Uma indústria tradicional utiliza muitos processos manuais, como notas fiscais preenchidas à mão, carimbos com datas de entrada e saída de mercadoria e planilhas eletrônicas com dados de produtos e informações financeiras. Com a integração de um sistema robusto, todos esses processos podem ser automatizados e integrados a ele, o que otimiza a produção, melhora a qualidade dos produtos ao localizar falhas rapidamente e permite uma análise de dados que dá uma visão completa do negócio. Mesmo que o investimento inicial em um sistema tenha um custo, no longo prazo, essa indústria terá mais lucro e menos prejuízo por se manter atualizada com as tecnologias do mercado”.

A aplicação da inteligência artificial

Muito se fala em Inteligência Artificial, mas o conceito ainda parece distante para a maioria das pessoas. No dia a dia de uma empresa, como essa tecnologia é aplicada? Ela pode, por exemplo, ajudar a evitar falhas em uma máquina ou a prever um problema antes que ele aconteça?

“Depende muito de cada nicho de empresa. Boa parte delas está utilizando para analisar dados e obter resultados que as ajudem a melhorar seus processos de produção ou de como lidar com seu público-alvo. Outras aplicam em atendimento ao cliente com chatbots. Esta questão de prever falhas ou problemas é algo que já ocorre e acredito que está evoluindo bem. É realmente possível, muitos sistemas sem a implementação de IAs já faziam (e ainda fazem) essa previsão e com a IA analisando padrões complexos o processo é muito mais eficiente”.

Existe a ideia de que modernizar os sistemas de uma empresa custa caro e é algo para grandes corporações. Um pequeno ou médio empresário brasileiro também pode se beneficiar dessas inovações? Qual seria o primeiro passo, ou o investimento mais acessível, para quem quer começar a usar a tecnologia para ser mais competitivo?

“Até citei isso na primeira pergunta. Muitas empresas têm receio de investir em tecnologia. O primeiro passo é não ter esse receio, procurar se informar, pesquisar sobre o assunto. Existem muitas ferramentas disponíveis na internet, cursos de qualificação na área de TI. Adquirir um software de gestão ERP é uma boa partida também. Procurar soluções online que possam evitar ter que contratar equipes de TI ou equipamentos caros, com certeza, pode tornar esse empresário mais competitivo no mercado”.

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O futuro dos empregos na indústria 4.0

Com a chegada de sistemas cada vez mais inteligentes, a preocupação com o futuro dos empregos é inevitável. Na sua visão, como instrutor de novos profissionais, a tecnologia está mais para substituir funções ou para exigir novas habilidades dos trabalhadores? Que tipo de qualificação se torna essencial nesse novo cenário?

“Sim, muitas profissões serão extintas. Veja o exemplo dos totens em diversas lojas, substituindo o atendente humano, ou os caixas autônomos em supermercados. Na minha visão, as pessoas deverão se qualificar em áreas tecnológicas, desde saber manusear um computador e seus programas básicos (ferramentas de escritório), programar sistemas, configurar hardwares e softwares, aprender alguma linguagem de programação, internet das coisas, automação, Indústria 4.0, robótica, até desenvolvimento de sistemas complexos com IA, para não correrem o risco de serem substituídos”.

Olhando para o futuro próximo, digamos nos próximos cinco anos, qual inovação na área de desenvolvimento de sistemas o senhor acredita que causará o maior impacto na vida das pessoas e no ambiente industrial? O que o público geral deveria começar a observar a partir de agora?

“Acredito que seja a automação de sistemas complexos, robôs com IA fazendo toda a linha de produção e logística. Isso terá impacto na vida de todos, positiva e negativamente, pelo fato citado da extinção de profissões. Mas haverá novas profissões relacionadas ao tema. Acho que vale a pena observar essa evolução”.

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Amanda Alves é graduada, especialista e mestre em artes visuais pela UEMG e atua como consultora na área. Atualmente, cursa Jornalismo e escreve sobre Cultura e Indústria no portal da Itatiaia. Apaixonada por cultura pop, fotografia e cinema, Amanda é mãe do Joaquim.