Ergonomia e inclusão: como adequar ambientes de trabalho para pessoas com deficiência

Fisioterapeuta do Sesi-MG conta que adaptação de espaços e participação ativa dos trabalhadores com deficiência são essenciais para garantir segurança, acessibilidade e produtividade

Avaliações ergonômicas orientam empresas na adaptação de ambientes para trabalhadores com deficiência

A criação de ambientes verdadeiramente inclusivos ainda é um desafio para as empresas brasileiras. Mesmo com a Lei Brasileira de Inclusão (Lei nº 13.146/2015), muitas organizações não oferecem estruturas acessíveis, processos intuitivos ou comunicação inclusiva.

Para a fisioterapeuta do Sesi-MG Gláucia Lima Dalboni, as principais barreiras enfrentadas por pessoas com deficiência no trabalho são físicas e sociais, e a ergonomia desempenha papel central na superação desses obstáculos.

Acessibilidade e tecnologia para postos de trabalho adaptados

Gláucia explica que as adaptações mínimas devem seguir a NBR 9050:2020, que estabelece critérios para acessibilidade em ambientes públicos e privados. A partir dessa base, empresas podem avançar no desenho de postos de trabalho mais inclusivos, incorporando bancadas ajustáveis, plataformas elevatórias e softwares que funcionem com comandos táteis, visuais ou sonoros.

Em setores industriais, garantir que máquinas e equipamentos ofereçam acionamento por diferentes estímulos como luz, som e toque, é parte importante do processo.

Para situações que envolvem comunicação, o uso de recursos tecnológicos pode complementar o trabalho das equipes, como ferramentas de inteligência artificial voltadas à tradução automática, a exemplo de aplicativos que convertem português para Libras.

Produtividade e participação ativa das PcDs

Segundo Gláucia, a ergonomia inclusiva influencia diretamente a produtividade ao adequar a estação de trabalho às capacidades psicofisiológicas de cada profissional.

Ao reduzir esforços físicos, demandas cognitivas e barreiras operacionais, o trabalho flui com mais segurança e eficiência. No entanto, ela reforça que essas melhorias só são possíveis quando as pessoas com deficiência participam das discussões sobre adaptações.

“Atualmente, o SESI presta consultoria às empresas avaliando as edificações, mobiliário, trajetos e postos de trabalho com objetivo promover acessibilidade, de forma digna e igualitária”, conta a especialista.

Limites e possibilidades de personalização

Nem todo posto de trabalho permite adaptações universais, e compreender essas diferenças é indispensável. Gláucia cita, como exemplo, linhas frigoríficas de abate: atividades que exigem visão direta e movimentos precisos não são adequadas para pessoas com deficiência visual profunda.

Por outro lado, podem ser acessíveis para pessoas com deficiência auditiva, desde que sensores visuais indiquem tempo de processo, pausas ou falhas no sistema.

A especialista afirma que a função da ergonomia é projetar ambientes que contemplem o maior número possível de trabalhadores sem expô-los a riscos físicos ou operacionais.

Treinamento e combate ao capacitismo

Para além da estrutura física, a construção de um ambiente inclusivo exige conscientização das equipes. Treinamentos em ergonomia ajudam lideranças e trabalhadores a reconhecer e valorizar diferentes habilidades, orientando o uso adequado do esforço humano no processo produtivo.

Gláucia observa que o capacitismo, preconceito que considera pessoas com deficiência incapazes, é um fator de risco psicossocial com impacto direto no bem-estar e deve ser combatido.

“Ao respeitar as características pessoais, respeitamos a diversidade e incluímos pessoas com deficiência, pessoas com limitações temporárias, com mobilidade reduzida, idosos e gestantes”, afirma.

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Erem Carla é jornalista com formação na Faculdade Dois de Julho, em Salvador. Ao longo da carreira, acumulou passagens por portais como Terra, Yahoo e Estadão. Tem experiência em coberturas de grandes eventos e passagens por diversas editorias, como entretenimento, saúde e política. Também trabalhou com assessoria de imprensa parlamentar e de órgãos de saúde e Justiça. *Na Itatiaia, colabora com a editoria de Indústria.

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