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CNI quer juros menores já em novembro para destravar investimentos

Entenda por que a principal taxa de juros do país, a Selic, está no centro de um cabo de guerra entre o setor industrial e o Banco Central

CNI quer baixa nos juros

A Confederação Nacional da Indústria (CNI), que representa as fábricas e empresas do setor produtivo brasileiro, está batendo o pé contra a decisão do Banco Central de manter a taxa básica de juros, a Selic, em 15% ao ano. Para a indústria, essa taxa é um freio de mão puxado na economia, e a CNI afirma que a decisão é “injustificada” e “conservadora demais”, especialmente porque a inflação já dá sinais de que está se acalmando e a economia, por outro lado, está cada vez mais devagar.

Mas o que isso significa na prática?

A Selic é como a “mãe” de todas as taxas de juros do Brasil. Quando ela está alta, os juros de empréstimos, financiamentos de carro e casa, e até do cartão de crédito, também sobem. Isso torna o dinheiro mais “caro” para todo mundo: para as pessoas e para as empresas.

O presidente da CNI, Ricardo Alban, resume o problema de forma direta. Ele explica que, com juros tão altos, não há como o país crescer de forma sólida. Fica muito difícil para as empresas investirem em novas máquinas, em tecnologia ou mesmo contratar.

Em outras palavras: para um empresário, é mais fácil e seguro deixar o dinheiro rendendo no banco do que investir na própria empresa, gerando empregos e novos produtos.

Economia em câmera lenta e a confiança em baixa

Os números mostram que a economia brasileira está perdendo o fôlego. O crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), que é a soma de todas as riquezas produzidas no país, foi de apenas 0,4% no segundo trimestre de 2025, bem menor que o 1,3% do trimestre anterior. Para a indústria, o cenário é ainda pior, com setores importantes como a construção civil encolhendo por seis meses seguidos.

Essa freada tem um motivo claro: o crédito caro. Com juros maiores, as empresas investem menos e as pessoas compram menos produtos que dependem de financiamento. O resultado é que a confiança dos empresários está em baixa há nove meses, o que desestimula a contratação de novos funcionários.

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A inflação está caindo, por que os juros não caem também?

O principal argumento do Banco Central para manter os juros altos é controlar a inflação. No entanto, a CNI aponta que os preços já estão se comportando. O IPCA, que é o índice oficial da inflação, vem caindo mês a mês e chegou a registrar uma pequena queda de 0,11% em agosto. As previsões do mercado também indicam que a inflação continuará caindo.

Com a taxa atual, o Brasil tem o segundo maior juro real (descontada a inflação) do mundo. A CNI calcula que a Selic ideal para controlar os preços sem prejudicar tanto a economia deveria ser de 10,3% ao ano, quase 5 pontos a menos que a taxa atual.

Qual a Saída?

Diante de tudo isso, a indústria pede que o Banco Central comece a cortar os juros já na próxima reunião, em novembro. Além disso, a CNI defende um grande acordo nacional para organizar as contas do governo, cortando despesas. Segundo a entidade, com as contas públicas em ordem, o caminho ficaria mais livre para que os juros possam cair de forma segura e duradoura, permitindo que a economia brasileira volte a acelerar.

Amanda Alves é graduada, especialista e mestre em artes visuais pela UEMG e atua como consultora na área. Atualmente, cursa Jornalismo e escreve sobre Cultura e Indústria no portal da Itatiaia. Apaixonada por cultura pop, fotografia e cinema, Amanda é mãe do Joaquim.