O reconhecimento internacional do Estado palestino vem crescendo, impulsionado pela guerra em Gaza. Hoje, cerca de três quartos dos países-membros da ONU — pelo menos 145 dos 193 — já o reconhecem. Mais de 10 aderiram desde o início do conflito. As informações são da a Agence France-Presse (AFP).
A seguir, as três fases fundamentais deste processo:
Arafat proclama Estado palestino em 1988
Em 15 de novembro de 1988, durante a Primeira Intifada, o líder palestino Yasser Arafat proclamou unilateralmente um Estado palestino independente e Jerusalém como sua capital.
Arafat fez o anúncio em Argel, durante uma reunião do Conselho Nacional Palestino no exílio, que adotou como objetivo a solução de dois Estados, um israelense e um palestino. Alguns minutos depois, a Argélia foi o primeiro país a reconhecer oficialmente o Estado palestino.
Em poucas semanas, quase 40 países, incluindo China, Índia, Turquia e a maioria dos Estados árabes, adotaram a política. Pouco depois, quase todos os países africanos e nações do bloco soviético seguiram o mesmo caminho.
A partir de dezembro de 2010, primeiro o Brasil e, depois, Argentina, Bolívia, Equador, Chile, Peru e Uruguai reconheceram o Estado palestino.
Na região latino-americana, Venezuela, Cuba, Nicarágua e Costa Rica já haviam tomado a medida, adotada também por Colômbia, Honduras e El Salvador, marcando uma distância com os Estados Unidos, principal aliado de Israel.
2012, um pé na ONU
Sob a direção de Mahmoud Abbas - sucessor de Arafat, falecido em 2004 - a Autoridade Palestina lançou uma ofensiva diplomática nas organizações internacionais.
A Unesco foi a primeira organização multilateral da ONU a abrir suas portas para os palestinos em 2011, o que gerou indignação em Israel e nos Estados Unidos.
Em uma votação histórica em novembro de 2012, a Assembleia Geral da ONU votou a favor de conceder aos palestinos o status de Estado observador nas Nações Unidas.
Isso abriu caminho para integrar em 2015 o Tribunal Penal Internacional (TPI) e permitiu a abertura de investigações sobre operações militares israelenses nos territórios palestinos. Estados Unidos e Israel criticaram a decisão.
Novo impulso com a guerra em Gaza
O início da guerra entre Israel e Hamas na Faixa de Gaza, após o ataque do grupo islamista em território israelense em 7 de outubro de 2023, reacendeu os apelos pelo reconhecimento do Estado palestino.
A Armênia e quatro países do Caribe (Jamaica, Trinidad e Tobago, Barbados e Bahamas) deram o passo em 2024. Também o fizeram quatro países europeus: Noruega, Espanha, Irlanda e Eslovênia; os três últimos, membros da UE.
França, Austrália e Canadá planejam reconhecer oficialmente em setembro, durante a Assembleia da ONU. O Reino Unido também deve fazê-lo, condicionado a compromissos de Israel. Finlândia e Portugal estudam a medida.
Apesar do avanço, países da Europa Ocidental, América do Norte, quase toda a Oceania, Japão e Coreia do Sul ainda não reconhecem a Palestina.