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Saída de primeiro-ministro agrava crise no governo francês; saiba tudo

Governo francês enfrenta grave crise, sobretudo após saída de premiê nesta semana

Emmanuel Macron

O governo francês, de Emmanuel Macron, tem enfrentado uma grande crise política sobretudo após a saída do quinto primeiro-ministro em dois anos. Sebastién Lecornu renunciou ao cargo nesta semana menos de um mês após assumi-lo. Antes dele, estava François Bayrou.

Segundo Andrea Resende, professora de Relações Internacionais na Una, a crise no governo francês tem ocorrido porque nenhum primeiro-ministro tem conseguido liderar efetivamente o parlamento frente aos problemas econômicos enfrentados pela França.

“A França está encarando um déficit público que é mais de 100% do PIB do país, o que compromete as finanças e leva a cortes orçamentários”, explicou a professora.

Pouco antes de deixar o cargo, Lecornu começou discussões sobre a taxação de grandes fortunas. Porém, de acordo com a especialista, isso não influenciou na saída do ex-premiê. “Esta saída é justamente pela falta de apoio e coesão do parlamento em relação às decisões do primeiro-ministro”, afirmou.

“Primeiramente, os planos de solução da crise envolviam o aumento da idade mínima para aposentadoria (de 62 para 64 anos) e reformas previdenciárias, que se mostraram incrivelmente impopulares entre os parlamentares e a população francesa. Outro fato é que o Lecornu em vez de apontar parlamentares dos partidos aliados de centro-direita da França, apontou parlamentares de partidos da esquerda e centro-esquerda, partidos que possuem a maioria dos assentos no parlamento francês. Isto gerou uma insatisfação nos aliados do governo francês e, ao mesmo tempo, líderes dos partidos de esquerda rejeitaram o plano de austeridade do primeiro-ministro para enfrentar a crise econômica”, explicou.

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“Esta falta de apoio e a inabilidade do primeiro-ministro de conciliação o motivaram a sua renúncia”, acrescentou.

Como a escolha de primeiros-ministros franceses é tomada pelo presidente, a crise respinga diretamente sobre Emmanuel Macron. “Os parlamentares franceses estão divididos e não conseguem chegar a consenso sobre as medidas que o governo deve tomar frente ao aumento da dívida pública e, ao mesmo tempo, o apoio à extrema-direita cresce não só entre a população, mas dentro do parlamento francês e busca não apenas reprovar, mas bloquear qualquer medida pró-governo no parlamento, mesmo que isto signifique aprofundar a crise política e econômica no país”, disse a professora.

A chance de renúncia de Macron é moderada, apontou a professora. Para ela, ele não deve tomar essa decisão. “Na minha opinião, Macron não deveria renunciar. Ele deveria continuar no cargo e enfrentar a crise política e econômica buscando um novo primeiro-ministro que tenha mais tato em lidar com um parlamento dividido entre polarizações e que consiga angariar apoio dos partidos de esquerda e centro-esquerda, que são muito fortes não só no parlamento, mas entre a população francesa”, concluiu.

Formada pela PUC Minas, é repórter da editoria de Mundo na Itatiaia. Antes, passou pelo portal R7, da Record.