Militares anunciam golpe na Guiné-Bissau e suspendem processo eleitoral

Medida foi adotada após relatos de troca de tiros perto do palácio presidencial, três dias depois das eleições nacionais

Anúncio foi feito em transmissão na televisão estatal

Militares da Guiné-Bissau anunciaram, nesta quarta-feira (26), que tomaram o poder no país, suspenderam o processo eleitoral e fecharam todas as fronteiras. A medida foi tomada após relatos de troca de tiros perto do palácio presidencial três dias depois das eleições nacionais.

A declaração foi feita em transmissão na televisão estatal. No comunicado, o porta-voz Dinis N’Tchama afirmou que o “Alto Comando Militar para o restabelecimento da ordem nacional e pública” decidiu depor “imediatamente” o presidente Umaro Sissoco Embaló e suspender, até nova ordem, todas as instituições da República.

Segundo N’Tchama, a ação teria sido motivada pela descoberta de um suposto plano para desestabilizar o país por meio da manipulação dos resultados eleitorais. Ele acusou “políticos nacionais”, com a participação de um “traficante de drogas conhecido” e de outros cidadãos, de arquitetarem o esquema, mas não apresentou detalhes.

Embaló, por sua vez, disse à imprensa francesa que foi deposto e detido pelos militares. À emissora France 24, afirmou que não sofreu violência e classificou a ação como um golpe liderado pelo chefe do Estado-Maior do Exército.

Clima de tensão na capital

Durante a manhã, tiros foram ouvidos nas proximidades do palácio presidencial. Um jornalista da Associated Press relatou que acessos ao local estavam bloqueados por soldados fortemente armados e mascarados.

Fontes do palácio e do Ministério do Interior, que pediram anonimato, informaram que homens armados tentaram atacar o prédio, gerando confronto com os guardas. Também houve relatos de disparos perto da Comissão Nacional Eleitoral (CNE). Um observador internacional afirmou que o chefe da CNE foi preso e que o prédio da comissão foi isolado pelos militares.

Disputa eleitoral e crise política

As eleições presidenciais e legislativas foram realizadas no dia 23 de novembro. Tanto Embaló quanto o candidato da oposição, Fernando Dias da Costa, reivindicaram vitória antes da divulgação oficial dos resultados provisórios, prevista para esta quinta-feira (27).

O país vive uma prolongada crise de legitimidade. Partidos de oposição afirmam que o mandato de Embaló expirou em fevereiro deste ano; já o Supremo Tribunal decidiu que seu mandato deveria ser estendido até setembro. A eleição presidencial, entretanto, acabou adiada para este mês.

A Guiné-Bissau tem histórico de instabilidade política: desde a independência, foram registrados quatro golpes de Estado e diversas tentativas, além da atuação crescente de redes internacionais de tráfico de drogas no território.

* Informações com Estadão

Leia também

A Rádio de Minas. Tudo sobre o futebol mineiro, política, economia e informações de todo o Estado. A Itatiaia dá notícia de tudo.

Ouvindo...