Um dia após a Justiça da Califórnia negar o pedido de liberdade condicional de Erik Menendez, 54, seu irmão, Lyle Menendez, 57, recebeu a mesma resposta na madrugada deste sábado (23). Ambos cumprem prisão perpétua pelo assassinato dos pais em 1989, em um caso que chocou os Estados Unidos e ganhou nova atenção com documentários recentes.
Os irmãos, que estão presos há 36 anos, alegam que agiram em legítima defesa, após anos de abusos sexuais e psicológicos por parte dos pais. O caso voltou a ser debatido após a minissérie da Netflix “Monstros: A História de Lyle e Erik Menendez”, que reacendeu a discussão sobre as motivações do crime.
Audiência e depoimento de Lyle
A audiência de Lyle, realizada por videochamada, durou 11 horas e teve um foco diferente da de Erik. Segundo a advogada Heidi Rummel, o órgão não questionou Lyle extensivamente sobre o trauma sofrido, concentrando-se em outros aspectos.
Da prisão em San Diego, Lyle foi questionado sobre a influência do abuso sexual no assassinato. “Me causou muita vergonha”, disse. “Isso praticamente caracterizou meu relacionamento com meu pai.” Ele também reiterou a alegação de que a mãe o havia abusado sexualmente, uma informação levantada já na década de 1990.
Lyle afirmou que, na época, acreditava sinceramente que seus pais o matariam. Ele também buscou defender o irmão, dizendo que a decisão de matar os pais foi exclusivamente sua. “Minha mãe e meu pai não precisavam morrer naquele dia”, declarou, emocionado.
Motivação do crime e novas alegações
Lyle também teve que responder sobre o uso de celulares na prisão, uma violação que foi citada para a negação da liberdade de seu irmão. Lyle explicou que usou os aparelhos para ter privacidade, por medo de que funcionários da prisão vendessem informações sobre suas ligações à imprensa.
A advogada de Erik, por outro lado, ouviu do comissário Robert Barton que a morte da mãe demonstrou falta de empatia e que o crime teve motivação financeira, refutando a tese de legítima defesa. Na época do julgamento em 1996, o Ministério Público acusou os irmãos de matarem os pais para ficarem com uma herança de US$ 14 milhões. A defesa, por sua vez, retratou os irmãos como vítimas.
Embora o pedido de liberdade condicional tenha sido negado, a membro do conselho de liberdade condicional, Julie Garland, incentivou Lyle a não perder as esperanças, pois a negação “não é o fim”.