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Israel inicia grande ofensiva terrestre contra a Cidade de Gaza

Ataques avançam para o centro da principal cidade do território; países europeus pedem a suspensão da campanha militar e alertam para a crise humanitária

Exército de Israel anunciou nesta terça-feira (16) o início de uma grande ofensiva terrestre na Cidade de Gaza

O Exército de Israel anunciou nesta terça-feira (16) o início de uma grande ofensiva terrestre na Cidade de Gaza, após o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, alertar o Hamas de que restam poucos dias para alcançar um acordo.

“A ofensiva principal na Cidade de Gaza começou na noite passada. Sabemos que há milhares de terroristas do Hamas, entre 2.000 e 3.000", declarou um comandante militar.

“Estamos avançando para o centro” da localidade, onde ainda vivem centenas de milhares de pessoas, acrescentou.

Bombardeios e destruição em Gaza

Mais cedo, o ministro da Defesa israelense, Israel Katz, afirmou que o maior núcleo urbano do território palestino estava “em chamas” após ataques.

“Não cederemos e não recuaremos até que a missão seja cumprida”, disse.

Testemunhas relataram à AFP “um bombardeio intenso e implacável sobre a Cidade de Gaza”, já em ruínas após quase dois anos de guerra desde o ataque do Hamas de 7 de outubro de 2023.

“Há muitas pessoas presas sob os escombros e podemos ouvir seus gritos”, disse Ahmed Ghazal, morador de 25 anos.

O porta-voz da Defesa Civil de Gaza, Mahmud Bassal, afirmou que ataques israelenses contra um complexo residencial próximo à praça Al Shawa deixaram “mortos, feridos e desaparecidos”. Ele contou 27 mortos no território, principalmente na Cidade de Gaza, mas alertou que o número continua aumentando.

O Exército israelense também atacou a cidade de Khan Yunis, no sul do território.

Pressão internacional e apoio dos Estados Unidos

Antes de concluir sua visita a Israel, Rubio prometeu “apoio inabalável” dos Estados Unidos ao objetivo israelense de eliminar o Hamas. Ele se reuniu com o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, que ordenou ao Exército a conquista da Cidade de Gaza.

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“Acreditamos que temos uma janela de tempo muito curta para chegar a um acordo. Não temos mais meses, mas provavelmente dias”, disse Rubio.

O secretário de Estado afirmou que a solução diplomática que inclui a desmilitarização do Hamas é a preferida por Washington, mas "às vezes, quando se trata de um grupo de selvagens (...), isso não é possível”.

Marco Rubio visitou Catar em busca de mediação

Rubio visitou também o Catar, aliado próximo de Washington e considerado o único capaz de atuar como mediador sobre Gaza, apesar de um ataque israelense recente em Doha contra líderes do Hamas.

“Se existe um país no mundo que pode ajudar a acabar com isto por meio de uma negociação, este país é o Catar”, disse Rubio, após se reunir com o emir Tamim bin Hamad al-Thani.

Na segunda-feira, mais de 50 líderes árabes e muçulmanos reunidos em Doha pediram uma “reconsideração” das relações com Israel e cobraram pressão dos Estados Unidos. Trump, que criticou o ataque, disse que Israel “não voltará a atacar mais no Catar”.

ONU acusa Israel de genocídio

Enquanto isso, potências europeias pedem a suspensão da campanha militar e alertam para a crise humanitária no território. A ONU afirmou no mês passado que um milhão de pessoas enfrentam fome, número rejeitado por Israel.

Nesta terça-feira, uma comissão internacional independente da ONU acusou Israel de cometer “genocídio” em Gaza com o objetivo de “destruir” os palestinos, responsabilizando Netanyahu e outros líderes. O governo israelense classificou o relatório como “tendencioso e falso”.

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No ataque do Hamas de outubro de 2023, os militantes mataram 1.219 pessoas em Israel, a maioria civis. Das 251 pessoas sequestradas na ocasião, 47 permanecem em cativeiro em Gaza, 25 delas mortas, segundo o Exército israelense.

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A campanha de retaliação israelense já deixou mais de 64.900 mortos em Gaza, também civis em sua maioria, de acordo com o Ministério da Saúde local, cujos números são considerados confiáveis pela ONU.

* Com agências

(Sob supervisão de Marina Dias)

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Izabella Gomes é estagiária na Itatiaia, atuando no setor de Jornalismo Digital, com foco na editoria de Cidades. Atualmente, é graduanda em Jornalismo pela PUC Minas