Indonésia e Sri Lanka esperam por mais chuvas após temporais que causaram 1,5 mil mortes

Uma temporada intensa de monções, somada a dois ciclones tropicais raros, provocou chuvas intensas desde a semana passada em áreas remotas da Indonésia e do Sri Lanka

Árvores arrancadas jazem ao longo de edifícios danificados após um deslizamento de terra na sequência do ciclone Ditwah, na cidade de Gampola, distrito de Kandy, em 4 de dezembro de 2025

Indonésia e Sri Lanka têm previsão de mais chuvas nesta quinta-feira (4), aumentando os temores de uma destruição maior do que a já ocorrida nas enchentes da região. Os países tentam se recuperar da devastação causada pela chuva, que provocou mais de 1.500 mortes.

Uma temporada intensa de monções, somada a dois ciclones tropicais raros, provocou chuvas intensas desde a semana passada em áreas remotas da Indonésia, do Sri Lanka, além do sul da Tailândia e do norte da Malásia.

Na Indonésia, a agência meteorológica alertou que as três províncias mais afetadas da ilha turística de Sumatra enfrentarão mais chuvas “moderadas a intensas” entre quinta e sexta-feira.

As chuvas começaram durante a noite e, embora não tenham registrado a mesma intensidade das tempestades do final de novembro, deixam em alerta uma região devastada por inundações e deslizamentos de terra.

“Estamos com medo de que, se chover de repente, aconteça outra inundação”, declarou Sabandi, 54 anos, à AFP, em um abrigo em Pandan, no norte de Sumatra.

Nesta quinta-feira (4), as autoridades anunciaram um balanço de 776 mortos na Indonésia, número levemente inferior ao divulgado na véspera, após uma revisão das informações procedentes de áreas remotas e que estavam inacessíveis.

Mais de 560 pessoas continuam desaparecidas. As comunicações e o fornecimento irregular de energia elétrica dificultam a confirmação dos seus paradeiros.

Nas imediações de Sibolga, uma cidade costeira no norte de Sumatra, praticamente isolada do mundo pelos danos nas rodovias, centenas de pessoas formaram uma grande fila na quarta-feira em frente a um armazém.

“Nunca vimos algo assim em Sibolga”, afirmou à AFP Nur Apsyah, que aguardava com seus pais enquanto soldados supervisionavam a distribuição de arroz após as denúncias de saques.

“Não há mais comida, acabou o dinheiro, não há trabalho. Como vamos comer?”, questionou a jovem de 28 anos.

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Sem dormir

Embora as monções sazonais provoquem chuvas em toda a Ásia, das quais os agricultores dependem, as mudanças climáticas tornam o fenômeno mais errático, imprevisível e mortal em toda a região.

A magnitude do desastre deste ano dificultou os trabalhos de emergência.

Na cidade indonésia de Banda Aceh, um correspondente da AFP observou que a fila em um posto de gasolina alcançava quatro quilômetros.

O governador da província liderou um grupo de socorro para a devastada região de Aceh Tamiang na quarta-feira à noite, onde entregou 30 toneladas de produtos essenciais, incluindo água potável, arroz, macarrão instantâneo, biscoitos, ovos e medicamentos, segundo um comunicado.

Na cidade de Langsa, Erni, 49 anos, conseguiu abrigo com sua família em uma sala de oração islâmica.

Eles receberam água potável e ajuda alimentar suficientes para alguns dias, mas os cortes de energia elétrica e o abastecimento irregular de água dificultam a limpeza, disse.

“O armário, a mesa, a geladeira... tudo está destruído”, contou à AFP. “Sinceramente, não conseguimos dormir, pensando constantemente no que aconteceria se a inundação voltasse.”

“O vilarejo agora é um cemitério”

No Sri Lanka, os meteorologistas anunciaram que a monção do nordeste deve atingir o país a partir da tarde de quinta-feira.

As autoridades renovaram o alerta para deslizamento de terra na região central. Moradores foram aconselhados a não retornar para suas casas porque as encostas, já saturadas, podem desmoronar com mais chuvas.

Algumas pessoas procuravam os desaparecidos na quinta-feira no vilarejo de Hadabima, onde 18 corpos foram recuperados em seis casas destruídas pelos deslizamentos, informou VK Muthukrishnan, um eletricista de 42 anos, à AFP.

“Não podemos mais viver aqui porque este vilarejo agora é um cemitério”, disse.

Pelo menos 479 pessoas morreram no país, e centenas continuam desaparecidas, o que levou o governo a pedir ajuda internacional.

As autoridades avaliam que precisarão de até 7 bilhões de dólares para reconstruir casas, indústrias e rodovias, enquanto o país ainda se recupera da maior crise econômica de sua história.

*Com AFP

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