EUA e Trinidad e Tobago reforçam presença militar no Caribe; Venezuela reage

Venezuela classificou as ações como uma tentativa de pressionar ou até derrubar o presidente Nicolás Maduro

O porta-aviões USS Gerald R. Ford, dos Estados Unidos

Os Estados Unidos anunciaram a realização de novos exercícios militares junto a Trinidad e Tobago no Caribe, em meio à sua ofensiva contra o narcotráfico na região. A Venezuela, por sua vez, classificou as ações como uma tentativa de pressionar ou até derrubar o presidente Nicolás Maduro.

O anúncio acontece um dia após Washington divulgar o início de uma nova fase da operação, com a chegada do porta-aviões USS Gerald R. Ford à região. Em publicação na rede X, o Comando Sul (Southcom) compartilhou uma imagem da embarcação acompanhada por três contratorpedeiros, um avião de vigilância e oito caças em formação.

“O Grupo de Ataque de Porta-Aviões Doze mostra seu propósito: dissuadir redes ilícitas, interromper ameaças transnacionais, proteger o Caribe e defender o território nacional”, afirma a postagem.

A operação americana começou em setembro e, desde então, já atacou 21 embarcações usadas por narcotraficantes, resultando em pelo menos 80 mortos. Trinidad e Tobago reafirmou seu apoio à presença dos EUA na região, destacando que os exercícios contribuem para enfrentar crimes relacionados a armas de fogo e violência de gangues.

O Ministério das Relações Exteriores de Trinidad e Tobago informou que os novos exercícios acontecerão entre os dias 16 e 21 de novembro. “Esta próxima atividade faz parte de nossa longa história de colaboração e demonstra a relação sólida entre Trinidad e Tobago e os Estados Unidos”, disse o comunicado.

Operação Lança do Sul

Na noite de quinta-feira (13), o secretário de Defesa dos EUA, Pete Hegseth, anunciou o início da chamada Operação Lança do Sul, sem fornecer maiores detalhes, mas coincidindo com a chegada do USS Gerald R. Ford.

Segundo Hegseth, a missão visa “defender nossa pátria, eliminar narcoterroristas e proteger o Hemisfério Ocidental das drogas que matam nossa gente”. Os porta-aviões se juntam a seis navios já presentes no Caribe e outro no Pacífico.

A ofensiva gerou preocupação na Venezuela, onde se teme a possibilidade de ataques em solo venezuelano. O ex-presidente americano Donald Trump já insinuou tal cenário, afirmando que a CIA poderia estar atuando na região.

Trump acusa Maduro de liderar um cartel de drogas e oferece uma recompensa de 50 milhões de dólares (cerca de R$ 265 milhões) por sua captura, alegando, sem apresentar provas, que parte do carregamento das embarcações destruídas vinha da Venezuela.

Tensão diplomática e militar

O estreitamento militar entre Estados Unidos e Trinidad e Tobago agravou a já fragilizada relação do país insular com a Venezuela. Recentemente, Caracas suspendeu um acordo conjunto de exploração de gás e declarou “persona non grata” a primeira-ministra Kamla Persad-Bissessar.

Em resposta à presença militar americana, Maduro convocou venezuelanos para se alistarem na Milícia Bolivariana e sancionou uma lei de defesa nacional que cria os “Comandos de Defesa Integral”, com exercícios envolvendo tanques, veículos anfíbios, aviões de caça e baterias antiaéreas.

“Não é contra Maduro, nem sequer contra a Venezuela. É contra toda a América, é contra toda a humanidade esta violação dos direitos humanos e do direito internacional”, disse o presidente venezuelano em ato público nesta sexta-feira (14).

Maduro também questionou o apoio popular nos Estados Unidos, comparando possíveis ações na Venezuela com conflitos passados em Afeganistão, Vietnã e Líbia, e alertou sobre riscos de um novo “conflito humanitário” na América do Sul.

* Informações com Estadão

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