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Abate de drones russos na Polônia pode evoluir para uma 3ª Guerra Mundial? Entenda

Ocorrido provocou uma grande tensão na comunidade internacional sobre um possível novo conflito na Europa

Drones russos foram encontrados na Polônia

A comunidade internacional ficou tensa na manhã desta quarta-feira (10), quando a Polônia acusou a Rússia de invadir seu espaço aéreo várias vezes, com o abatimento de ao menos três drones por parte do exército polonês e das forças militares da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).

O primeiro-ministro da Polônia, Donald Tusk, chegou a dizer que o ocorrido deixou o país mais próximo de um conflito aberto desde a 2ª Guerra Mundial, cujo fim foi em 1945. E, para a professora do curso de Relações Internacionais da UNA, Andrea Resende, o episódio é ‘razoavelmente preocupante’.

“Não é primeira vez que a Polônia tem problemas com a Rússia em relação a drones entrando em seu espaço aéreo, mas é a primeira vez em que há o abatimento de drones. É importante ressaltar que a Rússia também já abateu drones ucranianos, e inclusive sofreu ataques por estes, em seu território. A questão que torna a situação grave é a convocação do artigo 4º da OTAN, que sugere uma reunião para decidir se esta situação é emergencial e se é ou não passível de uma operação militar”, explicou a docente.

Por que a Polônia?

O ataque não foi diretamente à Polônia, segundo a professora. A informação foi, inclusive, dita pela Rússia mais cedo, que afirmou que não havia alvos planejados no país. No entanto, por sua localização geográfica - fazendo fronteira com a Ucrânia e com a Bielorrússia -, a Polônia fica à mercê dos desdobramentos do conflito entre Rússia e Ucrânia.

Polônia funciona como ‘Estado tampão’ para a Europa

“A Polônia, assim como a Ucrânia, já foi considerada antes da Segunda Guerra como um “Estado tampão” pela Europa, ou seja, um Estado que limita a possibilidade de conflito entre duas potências hostis, neste caso, entre a Alemanha e a Rússia. Apesar do contexto ter se alterado, a Polônia ainda é, na prática, um “Estado Tampão” principalmente após a guerra da Ucrânia, já que limita o território de ataque da Rússia em território ucraniano (que faz fronteira com a Ucrânia ao oeste/ocidente)”, apontou.

Rússia e Otan não desejam um novo conflito

Andrea apontou que não é possível medir como o episódio pode influenciar na guerra na Ucrânia, sendo necessário aguardar uma decisão da Otan.

“Nem a Otan e nem a Rússia desejam um novo conflito. No caso, a Rússia não tem como sustentar uma guerra sozinha contra a Otan; já os países da Otan sofreram com duas guerras mundiais e as consequências desta guerra com a destruição de cidades e morte de civis”, explicou.

“O que acho mais possível nesse momento, é os países da OTAN se mobilizarem para ajudar a Ucrânia e reforçarem as defesas na fronteira entre Ucrânia e Polônia”, opinou.

Como a relação entre Rússia e União Europeia deve evoluir?

A docente afirmou que as relações entre Rússia e União Europeia (UE) já estão estremecidas desde a invasão Rússia à Ucrânia em 2022 e disse que não vê como pode piorar.

“Há uma verdadeira ‘queda de braços’ entre a Europa e a Rússia: mútuas acusações, umas evidentemente fundadas, outras não. A questão é que temos um estado interessante no jogo: Turquia, que é membro da OTAN e grande parceira comercial da Rússia, e que também detém o controle do Mar Negro, local do conflito Rússia-Ucrânia. É interessante que ao mesmo tempo que o presidente Erdogan participa dos diálogos da Otan, ele continua dialogando com a Rússia, sem nenhuma inclinação de se afastar. Na minha perspectiva, será muito interessante observar o posicionamento da Turquia nesses dias seguintes após a situação na Polônia”, finalizou.

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Encontro e abate de drones russos

A Polônia denunciou nesta quarta-feira (10) que drones russos invadiram o espaço aéreo do país. A Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) foi acionada para mobiliar suas defesas antiaéreas.

Polícia e exército inspecionam danos a uma casa destruída por destroços de um drone russo abatido na vila de Wyryki-Wola, leste da Polônia, em 10 de setembro de 2025

Os drones, lançados durante um ataque russo à Ucrânia, foram derrubados e não provocaram vítimas, informou o primeiro-ministro da Polônia, Donald Tusk.

Foram identificados mais de 10 ‘objetos hostis’ no espaço aéreo polonês nesta madrugada. Três drones foram abatidos, e uma casa ficou destruída com os destroços.

“Dezenove violações do espaço aéreo foram identificadas e rastreadas com precisão... no momento temos a confirmação de que três drones foram abatidos”, declarou Tusk no Parlamento, antes de destacar que o balanço é provisório.

“Muitos drones entraram no espaço aéreo polonês durante a noite e encontraram as defesas aéreas polonesas e da Otan”, disse a porta-voz da Otan, Allison Hart, no X.

Polícia e exército inspecionam danos a uma casa destruída por destroços de um drone russo abatido na vila de Wyryki-Wola, leste da Polônia, em 10 de setembro de 2025

A Holanda, outro país-membro da Otan, ajudou a Polônia a combater os drones, enviando aviões F-35 para derrubá-los.

Varsóvia solicitou à Otan que ativasse o artigo quatro do tratado, que estabelece os membros realizarão consultas quando, no julgamento de qualquer um deles, a ‘integridade territorial, a independência política ou a segurança’ de algum membro for ameaçada.

Jornalista formada pela PUC Minas. Mineira, apaixonada por esportes, música e entretenimento. Antes da Itatiaia, passou pelo portal R7, da Record.