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Tarifaço de Trump e retaliação da China: tudo o que sabemos até agora

Semana foi de acirramento da guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump

As tarifas impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, foram suspensas por 90 dias nessa quinta-feira (10) para todos os países que foram afetados, com exceção da China, que ainda sofre com taxação somada de 145% sobre seus produtos. Washington, no entanto, manteve tarifas mínimas de 10% e taxas alfandegárias de 25% sobre o aço, o alumínio e os automóveis, que afetam a União Europeia.

O vai-e-vem das taxas fez com que o país asiático fixasse, nessa sexta-feira (11), uma tarifa de 125% sobre o mercado norte-americano em seu território. Contudo, o país prometeu não estender a guerra comercial em novos capítulos e disse que vai “ignorar” caso Washington aplique novas tarifas a Pequim.

Até então, Trump não havia anunciado novas tarifas adicionais contra a China após a nova retaliação. As medidas tomadas por ambos os governos fizeram com que as bolsas mundo afora caíssem durante esta semana, caminhando quase sempre em território negativo após os anúncios de novas tarifas e a guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo.

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Trump diz que situação é “muito emocionante”

“Muito emocionante para os Estados Unidos e o mundo” – assim o presidente americano definiu a retaliação chinesa ao aumento de tarifas contra o país na tarde de sexta-feira, em publicação na sua plataforma, Truth Social. “Estamos fazendo isso realmente bem”, declarou Trump.

Apesar disso, em um sinal da crescente preocupação dos investidores com a saúde da economia americana sob o governo Trump, o dólar caiu a um mínimo em três anos perante o euro. Em Pequim, a Comissão Tarifária do Conselho de Estado afirmou em nota que “a imposição por parte dos Estados Unidos de tarifas anormalmente elevadas contra a China viola gravemente as normas comerciais internacionais, as leis econômicas básicas e o bom senso”.

Pequim anunciou que também apresentará uma demanda na Organização Mundial do Comércio (OMC) contra a mais recente série de tarifas de Trump, depois de ter recorrido esta semana ao organismo.

China quer aliança com a Europa

O presidente chinês, Xi Jinping, fez um apelo à União Europeia (UE) por uma resistência conjunta à “intimidação”.

Em uma reunião em Pequim com o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, o chefe de Estado da segunda maior economia mundial destacou a necessidade de cooperação entre as potências diante da guerra comercial iniciada por Trump.

“China e UE devem assumir suas responsabilidades internacionais, proteger juntas a globalização econômica (...) e resistir juntas a qualquer assédio unilateral”, afirmou Xi. “Tanto a Espanha como a Europa têm um importante déficit comercial com a China no qual devemos trabalhar para sanar”, afirmou o líder Sánchez. “Mas não devemos permitir que as tensões comerciais interfiram no potencial crescimento de nossa relação, entre China e Espanha e entre China e a UE”, acrescentou.

Jornalista pela UFMG, Lucas Negrisoli é editor de política. Tem experiência em coberturas de política, economia, tecnologia e trends. Tem passagens como repórter pelo jornal O Tempo e como editor pelo portal BHAZ. Foi agraciado com o prêmio CDL/BH em 2024.