O primeiro-ministro de Portugal, Luis Montenegro, caiu nesta terça-feira (11) após perder uma moção de confiança no Parlamento. A derrota resultou na queda do governo e abriu caminho para a possibilidade de eleições antecipadas. A moção, usada para medir se o governo tem apoio parlamentar, foi rejeitada com 142 votos contra 88.
Votaram contra os socialistas, principais opositores, do partido de extrema direita Chega! e dos deputados da extrema esquerda. Esse cenário abre as portas para a convocação de novas eleições legislativas em maio - a terceira em pouco mais de três anos.
Após a votação, Montenegro afirmou que o governo tentou “até a última hora, evitar a criação de eleições antecipadas no horizonte dos portugueses”.
Possível conflito de interesses
Na segunda-feira (10), os socialistas anunciaram que apresentariam um pedido formal para a criação de uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) para investigar um possível conflito de interesse envolvendo o chefe do governo.
Na mesma data, Montenegro entregou respostas por escrito às perguntas feitas pela oposição, mas o secretário-geral do Partido Socialista, Pedro Nuno Santos, afirmou que “não bastou para dissipar as suspeitas”.
O governo de Montenegro, que não possui maioria absoluta, tem enfrentado diversos escândalos. O principal deles envolve uma empresa de prestação de serviços, pertencente à sua esposa e filhos, que mantém contratos com diversas empresas privadas, incluindo um grupo que recebe concessões públicas.
Diante dessas revelações, o primeiro-ministro afirmou que a empresa familiar seria transferida exclusivamente para as mãos de seus filhos.
Montenegro diz que irá se candidatar em caso de novas eleições
Caso o Parlamento seja dissolvido, as eleições gerais antecipadas podem ocorrer em 11 ou 18 de maio, conforme declarou o presidente. Montenegro, de 52 anos, reafirmou que não cometeu irregularidades e garantiu que, se as eleições forem antecipadas, será candidato.
Montenegro assumiu o cargo em abril de 2024, após a renúncia do socialista António Costa, em novembro de 2023, em meio a investigações sobre um suposto caso de tráfico de influência. Costa sempre negou as acusações e, em junho, foi eleito presidente do Conselho Europeu.
O partido Chega! se tornou a terceira maior força no Parlamento nas eleições legislativas de março de 2024, passando de 12 para 50 cadeiras, com 18% dos votos.