Ouvindo...

Processo analisa registro de ‘Tristeza Pé no Chão’ como bem imaterial de Juiz de Fora

Prazo para comunidade participar da etapa de instrução histórica termina neste domingo (29)

Mamão é o compositor de ‘Tristeza pé no chão’, gravada por Clara Nunes em 1972

A história de uma desilusão em forma de poesia ritmada pela cuíca e percussão que ganhou espaço na Música Popular Brasileira na voz de Clara Nunes pode ser oficialmente reconhecida como patrimônio cultural. “Tristeza pé no chão”, composta por Armando Fernandes Aguiar, o Mamão, pode se tornar bem cultural de natureza imaterial do município de Juiz de Fora.

Atualmente o processo está na etapa de instrução histórica para recolher elementos que fundamentem o reconhecimento da canção. As pessoas interessadas em contribuir com depoimentos têm até este domingo (29) para preencher o formulário online disponibilizado pelo Departamento de Memória e Patrimônio Cultural (Dempac) da Fundação Cultural Alfredo Ferreira Lage (Funalfa).

Contribuições serão encaminhadas ao Comppac

A integrante da equipe de História do Departamento de Memória e Patrimônio Cultural da Funalfa, Flaviana Oliveira, explicou que o processo relativo ao samba “Tristeza pé no chão” foi aberto em 2009. Ela explica que a música transcendeu a fronteira do município.

“O samba composto em 1972 concorreu ao V Festival de Música Popular Brasileira de Juiz de Fora e ganhou ampla notoriedade após ser interpretado pela grandiosa voz de Clara Nunes e gravado em seu LP de 1973. Desde então, a obra ocupa um lugar especial no imaginário cultural da cidade e do Brasil, sendo frequentemente reinterpretado por diversos artistas até os dias atuais, não somente em âmbito nacional, mas internacional”.

No formulário há questionamentos sobre as lembranças que as pessoas associam à obra, qual a importância do samba para cada indivíduo e para a comunidade e por que ele deveria ser preservado. De acordo com Flaviana Oliveira, as respostas enviadas pelas comunidades no formulário vão ajudar na contextualização da relevância da relação entre a música e as pessoas.

“Essa etapa envolve a coleta de documentações essenciais para a elaboração de um relatório técnico e histórico de contextualização, formação e transformação e continuidade do bem com a realização de entrevistas e levantamento de dados sobre a relação afetiva com o bem pela comunidade de Juiz de Fora, que no momento foi feita através da disponibilização de um formulário. As informações e documentações estarão presentes em um dossiê que irá subsidiar a análise e a deliberação do Conselho Municipal de Proteção ao Patrimônio Cultural (Compac) neste processo de reconhecimento do samba Tristeza Pé no Chão como bem cultural de natureza imaterial no município de Juiz de Fora”.

Sobre Mamão

Armando Fernandes Aguiar, o Mamão, tem 86 anos. Desde pequeno, frequentava a Escola de Samba Feliz Lembrança, ao lado do pai. Sambista, compositor e cantor, é o fundador do Bloco do Beco, um dos mais tradicionais do município. Entre as composições, também está “Princesinha de Minas”, em homenagem à Juiz de Fora

Em 2019, Mamão foi um dos entrevistados da websérie Sambista da Vez, do Almanaque do Samba. Ele contou a trajetória da música, que chegou a ser oferecida a outras grandes vozes da música brasileira, mas estourou na interpretação de Clara Nunes.

Bens culturais de natureza imaterial de Juiz de Fora

Caso o Compacc aprove o registro, o samba Tristeza pé no chão entrará na lista, onde já estão:

  • Festa Alemã
  • Receita do Pão Alemão
  • Centro de Estudos Teatrais - Grupo Divulgação
  • Batuque Afro-brasileiro de Nelson Silva
  • Festival Internacional de Música Colonial Brasileira e Música Antiga
  • Concurso Miss Brasil Gay
  • Banda Daki
  • Apito do Meio-dia
  • Hino ‘Oh! Minas Gerais’
  • Roda de capoeira

Leia também

Natural de Juiz de Fora, jornalista com graduação e mestrado pela Faculdade de Comunicação da UFJF. Experiência anterior em Rádio, TV e Internet. Gosta de esporte, filmes e livros. Editora Web em Juiz de Fora desde 2023.