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Estelionato digital cresce 500% no Brasil em 4 anos

Crimes no meio eletrônico foram de 7,6 mil em 2018 para 60,6 mil em 2021

Pix é bastante usado em estelionato digital

Com aumento de quase 500% entre 2018 e 2021 no país, a quantidade de ocorrências de estelionato digital passou de 7.591 para 60.590 no período. Os dados são do 16º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), divulgado na manhã desta terça-feira (28), e demonstram ainda que, apenas em 2020, houve 34.713 casos em comparação com os 14.677 do ano anterior.

Além disso, entre 2018 e 2021, 3,7 milhões de celulares foram roubados ou furtados no Brasil. Apenas em 2021, foram 847.313, o que equivale a 1,6 celular levado por minuto. O número revela queda de 22,8% nessa atividade — para os pesquisadores, a pandemia afetou esses dados, já que as restrições impostas como medida sanitária levaram à queda de circulação.

A partir do avanço da vacinação, entretanto, houve retomada das ocorrências de crimes. “As taxas, contudo, ainda não se igualam aos patamares anteriores à pandemia. Os crescimentos mais significativos ocorreram no crime de estelionato, com taxas muito acima das vistas em 2018 e 2019, e do estelionato no contexto virtual”, aponta o estudo.

Transações com celulares roubados

Segundo os pesquisadores, a chegada do sistema de pagamento instantâneo (Pix) pode ter influenciado esse processo. Atualmente, muitos celulares roubados são, em seguida, usados por criminosos e golpistas para transferências e outras transações bancárias não autorizadas: apenas entre fevereiro e março de 2022, fraudes no Pix cresceram 350%.

As restrições impostas durante a pandemia parecem ter impulsionado o processo. “Os dados apontam um fenômeno que vem sendo discutido: estamos vivenciando mudanças significativas nas dinâmicas dos crimes contra o patrimônio, em direção a sua digitalização”, diz o estudo.

O documento destaca que houve queda de roubos a transeuntes (-7,5%) e crescimento de roubos e furtos de celulares (1,8%). “Isso está, muito possivelmente, associado a essa dinâmica. Os dados de roubos e furtos de celulares retratam melhor os crimes cometidos em vias públicas e a sensação de segurança nos ambientes urbanos”, afirma o estudo.

Renato Sérgio de Lima, diretor-presidente do FBSP, atribui o aumento desse tipo de crime à transformação do papel dos smartphones no cotidiano. Se, antes, o valor intrínseco do aparelho estava associado ao hardware, hoje tem relação com os aplicativos financeiros (como de bancos e serviços de entrega). “Esses crimes têm ligação com o sentimento de medo da população. O Brasil, além do quadro de violência letal, vive uma epidemia de golpes.”