Páscoa é sinônimo de temporada dos chocolates, em qualquer cor, formato ou textura. A paixão pelo doce tradicionalíssimo foi o que incentivou a bióloga mineira Luiza Santiago a desenvolver uma produção própria de chocolate, a Kalapa, seguindo o formato conhecido como bean to bar (do grão à barra, em português). Criada em 2017, a marca utiliza cacau produzido na Mata Atlântica e acumula prêmios especializados.
Do grão de cacau à barra de chocolate, Luiza cuida de todos os detalhes do processo de produção da Kalapa. A marca mineira é uma das poucas no Brasil a produzir chocolate no formato que preza por conhecer e participar de todos os processos para fazer o doce, desde o local exato de plantio à completude da fabricação, um cuidado que transcende o habitual das grandes produções de chocolate.
“Comecei a descobrir que quase todos chocolates de origem eram importados, mesmo sendo uma planta nativa do Brasil. Depois de pesquisar mais e questionar esse processo, eu brinco que Kalapa foi uma ‘gravidez não planejada’”, contou Luiza. Todos os produtos utilizados são nacionais, de origem agroecológica ou orgânica, sem nenhum produto de origem animal.
O cacau é cultivado no assentamento Dois Riachões, em Ibirapitanga, na Bahia. Conhecendo por nome os responsáveis pelo plantio, colheita e fermentação e secagem dos grãos, a bióloga garante a rastreabilidade do processo. “São 40 famílias, 24 trabalham com cacau. Já tem alguns anos que a gente tem essa parceria com eles, que são referências agricultura familiar local”, explicou a bióloga.
Não é só a produção de cacau que chama a atenção da criadora da marca. Os ingredientes que fazem parte das receitas são produzidos exclusivamente no Brasil, destacando a ideia de favorecer os produtores locais e conhecer bem a origem de cada um dos alimentos que compõe as barras com sabor único produzidas pela equipe de Luiza Santiago.
Os sabores vão de mais fortes, como 100% e 70% cacau (chocolate duplamente premiado pelo CNA Brasil Artesanal), e o chocolate branco. As opções também incluem sabores inusitados, como o da barra de flor de sal com limão, ou a de café com “goiabada” de acerola. Valorizando produtos brasileiros, a marca também oferece opções com cupuaçu, castanhas de baru e cumaru, e até mesmo mandioca.
Para a Páscoa, a marca mineira se inspirou na “convenção dos ventos” para a produção de uma linha especial de quatro sabores. As opções incluem chocolates tingidos naturalmente com açaí, mate e flores, que quase não parecem comestíveis de tão vistosos. Quase esgotados na véspera da comemoração, os ovos ainda podem ser adquiridos pelo
Os chocolates, definidos como sensoriais, carregam nomes poéticos e vão além do tradicional pela experiência de consumo. “Não é só o chocolate pronto para quem vai consumir. No nosso processo, fazemos um uso constante dos sentidos. É assim que conseguimos definir se o chocolate já está pronto, ou se precisa ser moído por mais tempo para ficar mais gostoso”, detalha Luiza.