Vindo diretamente da Amazônia, o pirarucu conquistou o coração dos chefs e dos amantes de gastronomia de Minas Gerais. O peixe ancestral, dono de uma carne muito suculenta, saborosa e pouco gordurosa é uma opção versátil na cozinha, se transformando em pratos fantásticos, para todo gosto.
O interesse é resultado do festival ‘Gosto da Amazônia’, trazido para a capital mineira entre março e abril de 2022 após sucesso de público em São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília. Promovendo o consumo consciente, o festival apoia o trabalho de indígenas e ribeirinhos nos rios amazônico; trabalho que, ao longo de duas décadas, tirou o peixe da lista de animais em extinção, além de contribuir para a conservação da floresta.
“Os festivais têm a importância de comunicar os atributos do pirarucu sustentável. Permitem que as pessoas conheçam o peixe e possam compreender que estão consumindo um produto de sabor único, mas também tendo um consumo consciente”, destacou Adevaldo Dias, da Associação dos Produtores Rurais de Caruari (Asproc) e presidente do Memorial Chico Mendes.
Durante o evento, chefes de 50 restaurantes de Belo Horizonte incluíram pratos com pirarucu no cardápio, mostrando a versatilidade do peixe que se transformou em hambúrguer, empanado e moqueca. O sucesso foi tanto que em alguns deles o peixe seguiu como parte do menu, trazendo um pedacinho da cultura amazônica para a rica gastronomia mineira.
Um dos estabelecimentos que se encantou pelo sabor do pirarucu é o Dona Fulô, restaurante comandado por Cleide Duarte, uma chef mineira que se dedica à gastronomia nordestina. Lá, o peixe é assado com uma crosta de farinha de bragança e bacon, se transformando no Pirarucu Arretado. Ele ainda é servido ao molho de moqueca com camarões, acompanhado por arroz de coco, farofa de castanha de caju com banana da terra e vinagrete de maxixe.
Outro mineiro que também foi conquistado pelo peixe amazônico é Gabriel Trillo, que comanda o Pátria - Cozinha do Brasil e o Omilía. No restaurante que destaca a gastronomia brasileira, o pirarucu é salgado e desidratado, como um “bacalhau brasileiro”. Ele é servido com farinha de mandioca de Uarini hidratada, o “caviar da Amazônia”, e ambos são cobertos por rodelas de banana-da-terra, formando o Pirarucu à Casaca.
Considerado o maior peixe de escama do mundo, o tamanho médio do pirarucu varia entre 80 e 100 kg, podendo chegar a 250 kg. Ainda, a espécie pode chegar a 5 metros de comprimento, ultrapassando a média de 2 a 2,5 metros. “É um peixe ancestral e, o melhor de tudo, você aproveita inteiro. Ele tem tantos cortes, que a gente brinca que é o suíno d’água”, contou o chef paraense Saulo Jennings, que trouxe um exemplar para o Festival Fuegos.
Com a versatilidade e o sabor surpreendente do peixe amazônico, o pirarucu veio para ficar. Na maioria dos restaurantes que ainda fornecem pratos com cortes do peixe, a expectativa no momento é garantir o fornecimento para os próximos anos.
Valorizando o peixe e o consumo consciente, a inclusão da tradição amazônica mostra muito mais do que um simples intercâmbio cultural entre as regiões do Brasil. Para além, ainda destaca o interesse amplo por conservar os recursos naturais amazônicos, respeitando também o trabalho e a vida daqueles que fazem a produção acontecer.
(Sob supervisão de Lara Alves)