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Ministério Público do Paraná denuncia Miguelito, do América, por injúria racial

Órgão destaca que ‘foram colhidos elementos indiciários muito fortes da prática de conduta racista’ contra Allano, atacante do Operário-PR

Miguelito durante treinamento do América

O Ministério Público do Paraná confirmou nesta quarta-feira (7) que ofereceu denúncia contra o meia Miguelito, do América, por ofensa racial. Ele foi acusado por Allano, atacante do Operário-PR, durante partida entre as equipes no domingo (4), em Ponta Grossa-PR, pela Série B do Campeonato Brasileiro.

Segundo o promotor João Conrado Blum Junior, “foram colhidos elementos indiciários muito fortes da prática de conduta racista” por parte do jogador do Coelho. O MP-PR cita, na denúncia, que “imagens oficiais do jogo aludido demonstram o exato momento em que o denunciado vira o rosto e profere a injúria racial contra a vítima”. A Lei 7.716, que tipifica esse crime, prevê pena de reclusão de dois a cinco anos.

Por se tratar da esfera criminal, a denúncia é direcionada à defesa pessoal de Miguelito, que ainda não se posicionou sobre o caso. Na esfera esportiva, o América está ciente que o jogador está preventivamente suspenso e será julgado na próxima semana pelo Supremo Tribunal de Justiça Desportiva (STJD). O clube vem oferecendo todo o apoio jurídico ao boliviano.

Caso a defesa de Miguelito se manifeste, a matéria será atualizada.

Relembre o caso

Miguelito foi preso em flagrante na noite de domingo após ser acusado de cometer injúria racial contra o atacante Allano, do Operário-PR, durante partida válida pela 6ª rodada da Série B do Campeonato Brasileiro. O caso aconteceu no estádio Germano Krüger, em Ponta Grossa, no Paraná, e provocou a paralisação do jogo por cerca de 15 minutos.

Em súmula, o árbitro do jogo, Alisson Sidnei Furtado, detalhou o episódio. Segundo ele, Allano o abordou aos 30 minutos do primeiro tempo, afirmando que foi chamado por Miguelito de “preto cagão”.

“Após a comunicação do atleta da equipe mandante, imediatamente foi realizado o protocolo antirracismo, em sua primeira etapa, a qual consiste na paralisação do jogo, realização do gestual antirracista e o anúncio feito no estádio, explicando o motivo da paralisação do jogo e que se o incidente não cessasse, a partida seria interrompida”, completou o árbitro no registro da súmula.

A partida foi retomada após cerca de 15 minutos de paralisação, sem punição em campo. Depois do duelo, entretanto, os envolvidos compareceram à delegacia, onde foi dada voz de prisão em flagrante a Miguelito.

O meia do América foi solto nessa segunda-feira (5), após audiência de custódia realizada no Fórum de Ponta Grossa, e voltou para Belo Horizonte.

A Polícia Civil segue investigando o caso e está em contato com os canais de transmissão da partida para tentar obter imagens adicionais, possivelmente captadas por outros ângulos, que possam contribuir com o inquérito.

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Jornalista formado na PUC Minas. Experiência com reportagens, apresentação e edição de texto em televisão, rádio e web. Vivência em editorias de Cidades e Esportes.