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Procuradoria do STJD tem obrigação moral de denunciar Vitor Roque como fez com Dudu

Atacante do Palmeiras fez publicação homofóbica nas redes sociais após vitória sobre o São Paulo

Coluna do Alexandre Simões, comentarista da Itatiaia

A Procuradoria do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) tem a obrigação moral de denunciar o atacante Vitor Roque, do Palmeiras, após a sua postagem homofóbica nas redes sociais após seu clube vencer o São Paulo por 3 a 2, de virada, no Morumbis, no último domingo (5).

Postada e apagada, o jogador, que tem o apelido de Tigrinho, publicou, e depois apagou, o que não muda em nada a situação, a imagem de um tigre com um veado na boca. De forma homofóbica, o São Paulo é chamado de “Bambi” por torcedores rivais.

A denúncia contra Vitor Roque e a suspensão do atacante, e por um bom número de jogos, tem precedente. Em 2 de junho deste ano, a Procuradoria do STJD apresentou uma denúncia contra o atacante Dudu, numa ação em favor de Leila Pereira, presidenta do Palmeiras.

No processo da sua saída do clube paulista para voltar ao Cruzeiro, onde não está mais, o jogador fez uma postagem nas suas redes sociais com os seguintes dizeres: “Minha história foi gigante e sincera, diferentemente da sua, Sra. Leila Pereira. Me esquece (sic), VTNC”.

A Procuradoria do STJD denunciou Dudu com base no no artigo 243-G do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD), que fala em “praticar ato discriminatório, desdenhoso ou ultrajante, relacionado a preconceito em razão de origem étnica, raça, sexo, cor, idade, condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência”.

Quem levou as redes sociais para o tribunal foi a própria Procuradoria do STJD. Agora ela tem a obrigação de manter a postura. Dudu, já jogador do Atlético, foi suspenso por seis partidas por causa da postagem contra Leila Pereira. E teve que cumprir a meia dúzia de jogos na Série A do Campeonato Brasileiro.

A situação agora é idêntica. Vitor Roque cometeu homofobia na sua postagem. Não há outra saída. Dois pesos e duas medidas não podem fazer parte de um tribunal.

“Pau que dá em Chico, dá em Francisco”. Ou a Procuradoria do STJD denuncia Vitor Roque, e vou além, e o tribunal pune o atacante do Palmeiras, com uma pena exemplar, assim como fez com Dudu, ou a ação contra o atacante alvinegro não passou de pressão ou força política de uma personagem do futebol brasileiro.

Alexandre Simões é coordenador do Departamento de Esportes da Itatiaia e uma enciclopédia viva do futebol brasileiro