Em 6 de janeiro, a torcida cruzeirense ia à Praça Sete protestar contra a saída de Fábio, jogador que mais vestiu a camisa do clube e um dos grandes ídolos da história celeste. A partir do final desta quarta-feira (21), menos de dez meses depois, o tradicional local do Centro de Belo Horizonte volta a receber a China Azul, mas para comemorar a volta à Série A do Campeonato Brasileiro e com o goleiro Rafael Cabral sendo um dos protagonistas dessa história.
Sim, o camisa 1 celeste, que começou 2022 com uma das tarefas mais ingratas do futebol brasileiro, venceu. Muito mais do que isso, se transformou num dos símbolos do retorno cruzeirense à elite.
Mas essa caminhada não foi tranquila. Anunciado em 18 de janeiro, estreou doze dias depois, numa vitória por 1 a 0 sobre o Athletic, em São João del Rei, pela segunda rodada da fase classificatória do Campeonato Mineiro.
Em 2 de abril terminou o Estadual contestado, pois a derrota por 3 a 1 para o Atlético nasceu com um gol apontado como defensável por muita gente.
E seis dias depois, a falha num dos gols do Bahia na derrota cruzeirense por 2 a 0 na estreia do time na Série B piorou a situação.
Virada
O 12 de maio é um marco na virada da história de Rafael Cabral no Cruzeiro. Na partida de volta pela terceira fase da Copa do Brasil, contra o Remo, a vaga nas oitavas de final do torneio foi para os pênaltis. E o goleiro cruzeirense garantiu a classificação celeste defendendo quatro cobranças dos paraenses.
Em 23 de julho, a consagração. O camisa 1 de Paulo Pezzolano teve uma atuação espetacular na dramática vitória por 1 a 0 sobre o Bahia, num confronto direto pela liderança da Série B, num Mineirão lotado que ovacionou o goleiro.
Quatro dias depois era noticiado o interesse da Sampdoria, da Itália, e do São Paulo no arqueiro celeste. No dia 29 de julho ele renovou seu contrato com o Cruzeiro até o final de 2024, para alívio do torcedor, que já não pensava mais em Fábio.
A sucessão de grandes ídolos do gol sempre foi traumática no futebol brasileiro. O Cruzeiro já tinha sofrido com isso após as saídas de Raul, no final dos anos 1970, e de Dida, em 1999.
O Palmeiras teve dificuldades a substituir Marcos e o São Paulo pena até hoje para arrumar o substituto de Rogério Ceni. Fábio integra este grupo, por tudo o que representa na história cruzeirense.
Mas Rafael Cabral se transformou em exceção nesta regra. E neste 21 de setembro colocou seu nome na história do Cruzeiro, não só como o goleiro que ajudou a devolver o time à Primeira Divisão do Campeonato Brasileiro após três anos de Série B, mas principalmente como um dos ídolos da torcida neste 2022 todo especial para a gente cruzeirense.