Com quase um milhão de habitantes, a população do Vale do Jequitinhonha sofre com a dificuldade no acesso à saúde, levando algumas pessoas a se mudarem da região em busca do serviço público essencial previsto na Constituição Federal de 1988. Na procura por atendimento médico, as famílias ficam em média 12 horas em ônibus e vans, entre as 55 cidades do Vale e Belo Horizonte, em veículos, muitas das vezes, sem a estrutura necessária.
O transporte é disponibilizado pelas prefeituras da região que alugam espaços como prédios e casas, na capital mineira, para abrigar pessoas que vão ficar mais tempo em tratamento médico.
Hospital regional
Um complexo hospitalar que seria destinado à população do Vale e ajudaria a amenizar o sofrimento de pessoas que têm de viajar vários quilômetros para um atendimento médico é o Hospital Regional de Teófilo Otoni. Entretanto, a obra de construção do local está parada desde 2016, depois da execução de aproximadamente 50% do projeto.
Enquanto o Hospital não fica pronto, diversas pessoas acabam sofrendo no longo trajeto de aproximadamente 700/800 quilômetros entre o Vale do Jequitinhonha e Belo Horizonte. A situação causa revolta na população, como comenta o taxista Dalmo, que já fez o trajeto com a mãe para um procedimento cirúrgico na capital:
“Às vezes a gente fica indignado, né? O poder público, o município realmente dá um apoio de estar levando esse pessoal. O problema é a distância. Se as políticas públicas fossem mais voltadas para o bem do povo, realmente, era para ter um hospital aqui ,regional, mais próximo, para o povo não sofrer tanto. Porque é longe, mas isso vem lá de cima, né? A gestão do dinheiro público eu vejo muito mal administrado nessa questão, porque o povo paga o preço.’’
Estrada
O tempo de viagem entre as cidades do Vale e a capital mineira depende da situação do trânsito nas estradas, que em grande parte contam apenas com uma pista em cada sentido, aumentando o risco de acidentes. O motorista, Lucielio Dias, traz diariamente pessoas da cidade de Araçuaí, no médio Jequitinhonha, até BH para exames e atendimento médico:
“Via rota, via Diamantina, fica a mais ou menos, aproximadamente de 9 a 10 horas de viagem e isso vai depender muito da situação da estrada e do tempo, né? Se a gente passar pela BR-116, em sentido a Governador Valadares, e a BR-381, no sentido João Monlevade e Ipatinga, aí fica mais longe, em torno de 11 a 12 horas de viagem. Também vai depender muito do clima e das condições da estrada, que não está muito boa nsse trajeto, principalmente, saindo de Araçuaí até Itaobim, onde a gente está pegando uma barra porque a estrada está ruim mesmo.’’
Lucielio completa: “Eles estão mexendo bem devagar, mas o paciente sofre muito, né? Principalmente os pacientes de ambulância, que são pacientes acamados, que às vezes estão com alguma fratura, né? Então, sofre muito realmente.’’
Em resposta à reportagem da Itatiaia, a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais afirmou que as obras do Hospital Regional de Teófilo Otoni foram retomadas no dia 25 de outubro de 2022, após um processo licitatório. A previsão é que o trabalho seja concluído no final de 2024.
O órgão destaca ainda que realizou um estudo, com os gestores de saúde dos municípios da região, para suprir o vazio assistencial da área onde está sendo construído o hospital.
Ouça a reportagem da série exibida na programação da Itatiaia
Reportagem: Gustavo Cícero
Produção: Pablo Nogueira