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“A gente não pode ter certeza se esses sintomas que ela tem demonstrado têm necessariamente a ver com abstinência de tecnologia, que é uma questão bastante ampla, estudada e nova, mas que tem aparecido muito nesse momento nos consultórios, na psicologia”, pondera o profissional. Ele destaca a semelhança entre o uso intenso de smartphones e a dependência do cigarro, ambos buscando diminuir o tédio e proporcionar momentos de prazer, mas ao mesmo tempo podendo aumentar a ansiedade quando não estão presentes.
Lucas ressalta que o hábito de usar a tecnologia para lidar com a ansiedade não é exclusivo da geração TikTok. “Hoje, não só essa geração nova, todos nós temos um estilo de vida que privilegia o contato digital”, afirma. Ele destaca que a cultura de amizades por afinidade, em vez de proximidade geográfica, é uma realidade para todas as idades. A conexão digital se tornou essencial em um mundo onde o trabalho remoto e a ampliação do acesso à vida privada moldaram nossa forma de interagir.
Quanto à ideia de distorção da realidade, o psicólogo expressa discordância. “Essa é uma fala que aparece sempre quando a gente vai ver, qual quase qualquer tipo de mídia entende?”. Ele alerta para a necessidade de cautela ao rotular novas formas de comunicação como distorções da realidade, citando exemplos históricos desde o cinema até as redes sociais atuais.
“A informação é veiculada diferente pelo TikTok, de modo muito mais amplo, muito mais acessível, mas muito diferente do que era antes”, destaca Lucas. Ele enfatiza que, ao falar de distorção de realidade, é crucial diferenciar entre a construção de uma nova realidade e a propagação de informações falsas.
Quanto aos possíveis motivos da desistência de Vanessa, o psicólogo sugere que a pressão do confinamento e a falta de uma rede de sustentabilidade podem ter desencadeado sintomas semelhantes aos observados em outros períodos de isolamento. “Muita gente apresentou esses sintomas durante a pandemia, não é incomum no próprio Big Brother”, observa.
“No primeiro Big Brother a gente viu que o campeão daquela edição se apaixonou perdidamente por uma boneca que ele fez de lata. Então essas bizarrias que a gente vê que elas provém dessa questão do confinamento de tudo não ter mais uma rede de sustentabilidade que tu tinha antes tu não poder mais manter as formas que tu fazia para manter a tua saúde mental
A desistência de Vanessa Lopes do BBB abre caminho não apenas para a reflexão sobre a pressão do confinamento, mas também para um diálogo mais amplo sobre o papel da tecnologia e suas complexas interações com a saúde mental.
Esquizofrenia?
Outras especulações e análises que estão sendo feitas na internet sugerem que o comportamento peculiar da influenciadora poderia estar relacionado à esquizofrenia. Até o próprio participante, Juninho, declarou no programa que o comportamento de Vanessa lembrou de seu irmão, que tem o transtorno mental.
De acordo com Lucas Goulart, a identificação da esquizofrenia, assim como de qualquer quadro psicopatológico, requer tempo. Embora a esquizofrenia seja mais comum na adolescência até os 18 anos, ele pondera que o comportamento de Vanessa parece mais uma reação ao estresse do confinamento do que um indicativo claro de esquizofrenia.
“A nossa saúde mental é frágil e necessita de hábitos e contato com muitas coisas”, explica o psicólogo. Ele ressalta que a retirada abrupta de hábitos que fazem parte da gestão da saúde mental pode desencadear comportamentos peculiares, como observado em casos de pessoas que se aposentam e enfrentam depressão.
O confinamento extremo do Big Brother é apontado como um fator estressante, com o psicólogo descrevendo o programa como tendo uma “parcela sádica” ao retirar participantes de seu cotidiano e criar um ambiente propício para conflitos. “O Big Brother é um programa de fofoca hidropônica, onde cria um ambiente propício para isso, retirando as pessoas do seu dia a dia e deixando-as estressadas”, comenta doutor Goulart.
Quanto à possível abstinência de tecnologia mencionada anteriormente, o psicólogo reconhece que pode contribuir para o quadro, mas alerta que não é a única razão. Ele enfatiza a necessidade de considerar a fragilidade da saúde mental, especialmente em um contexto de confinamento extremo como o do BBB.
"É mais curioso que isso tenha aparecido agora do que antes”, conclui o doutor, destacando a variabilidade entre indivíduos e a complexidade da avaliação psicológica. Neste momento, seria precipitado classificar o comportamento de Vanessa como um quadro de esquizofrenia, sendo mais prudente considerar a reação ao estresse do confinamento como um fator preponderante.
Vanessa Lopes cria diversas teorias no BBB 24
Entenda
A sister já havia revelado o
“Eu não tenho que me sentir culpada. Eu sei a minha essência, então se eu agir por impulso, acabou. Eu posso ser doida, mas eu sou uma doida que sei da minha loucura”, disse antes de desistir do programa. Vanessa relatou que “muitas coisas estranhas” estavam acontecendo no reality e chegou a acusar outros participantes de estarem atuando.
Vanessa Lopes apresentava comportamento estranho no BBB 24
Na quinta-feira (18), décimo dia de confinamento, Vanessa levantou uma teoria de que os demais participantes seriam atores para desestabilizá-la. “Eu não sei se vocês são atores ou não. Parece que todo mundo pegou nos meus gatilhos”, disse antes de cair no choro.
A influenciadora também dizia acreditar que os homens da casa possuem uma aliança estão sendo usando as mulheres confinadas como fantoches. Logo após a festa, a tiktoker pediu união feminina ao expor a nova leitura que teve do jogo.
A sister apontou que os homens estão em quartos diferentes, mas fazem parte de um mesmo grupo e estão unidos contra as mulheres. Vanessa também já relatou ter conversado com o dragão da casa e ter recebido sinais ao levantar a “teoria dos olhos.”
Durante o programa ao vivo de ontem,
*Com informações de Maria Clara Lacerda e Patrícia Marques
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