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De novembro em diante, o Natal é onipresente na vida e em todas as cenas culturais: cinema, teatro, música, televisão, streaming, redes sociais e, cada vez mais, livros. “É algo mercadológico”, nos explica o professor José de Souza Muniz Júnior, do Departamento de Linguagem e Tecnologia do Cefet-MG, para quem, de certa forma, todas essas indústrias de conteúdo se retroalimentam.
“A indústria editorial, hoje, se aproxima de forma muito intensa da produção de conteúdo nesses outros universos, né? Se a gente for pensar, por exemplo, todas as adaptações do cinema, do streaming, da televisão pro mercado editorial e vice-versa, esse é um fenômeno cada vez mais frequente. Então não me surpreende que o mercado editorial também tente surfar a onda do Natal para vender esses títulos”, explica o professor.
Mercado
“O maior número de livros que vemos segue a tendência de outras indústrias, no sentido de aproveitar a sensibilidade das pessoas ao tema natalino”, José Muniz explica. “É o que o autor John Thompson chama de ‘lançamento de oportunidade’. As editoras aproveitam acontecimentos que recebem grande atenção do público e aproveitam para publicar”, completa.
Esse senso de oportunidade atinge outras épocas, como Páscoa, Carnaval, Dia das Mães, mês do Orgulho LGBT e mês da Consciência Negra, para citar alguns.
Para além das datas comemorativas, outros acontecimentos podem ser o “gancho” que faltava, como a morte de uma celebridade, um crime que mobiliza a sociedade,
Espírito Natalino
A Alta Novel, selo do grupo editorial Alta Books, fez sua primeira aposta no Natal neste ano de 2024. O escolhido foi “Luzes Brilhantes, Natal Mágico”, de Mary Kay Andrews, autora do sucesso “Destruidores de lares”. Illysabele Trajando, Coordenadora Editorial do selo, explica que o lançamento chega para suprir uma lacuna no catálogo, que não tinha obras que contemplassem a época natalina.
Illysabele conta que havia um “desejo da editora de oferecer aos leitores uma opção especial para celebrar as festividades de fim de ano com amigos e/ou familiares”. A percepção da Alta Novel é que o isolamento social decorrente da Covid-19 aumentou o desejo das pessoas por conexões profundas e celebrações significativas. Há três sentimentos-chave: nostalgia, conexão e esperança.
Livro “Luzes Brilhantes, Natal Mágico”, lançamento da Alta Novel
“Acreditamos que um livro que explore esses temas e evoque sentimentos de esperança e bem-estar encontrará um público receptivo no mercado brasileiro. Ao retratar o Natal em Nova York, esse livro tem o potencial de conectar os leitores com as nostalgias dos anos 90, que visitavam histórias hilárias e/ou românticas, e, ao mesmo tempo, tem também o potencial de acompanhar as tendências mais recentes do mercado audiovisual, principalmente dos streamers de TV com as produções voltadas para esse período”, conclui.
Tradição
E se você estranhou a quantidade de livros natalinos neste ano, pode se preparar que vem mais por aí. O livreiro Raul Ferreira, da Livraria Leitura de Campinas, conta que “quando tem a Feira de Frankfurt [uma das maiores vitrines de lançamentos do mundo] e os leilões de direitos autorais, os editores já procuram livros de Natal. É algo que acontece há algum tempo e vem aumentando a cada ano, de forma bem forte”.
Raul também destaca a participação dos autores independentes, que fazem muitos ebooks de Natal e contos sobre o tema. Com isso, a expectativa é de que “quanto mais passarem os anos, mais autores vão criar, preparar conteúdo e histórias nessa linha”, acredita o livreiro.
Efêmero
A onda, porém, passa com a mesma rapidez com que chega. “O Natal é um momento muito especial do ano - as pessoas estão recebendo seu
Para quem gosta de ser ‘do contra’, janeiro pode trazer boas oportunidades.