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Cintia Chagas se emociona e agradece apoio de coalizão feminista após denunciar agressões do ex-marido

Coletivo declarou apoio a professora de português após informações de que ela teria conseguido uma medida protetiva contra o ex vazarem

A influenciadora Cintia Chagas usou as redes sociais nesta sexta-feira (11) para agradecer o apoio e acolhimento da Coalizão Nacional de Mulheres. O coletivo escreveu uma carta para Chagas após informações de que ela teria sido vítima de violência doméstica durante o casamento com o Lucas Bove, deputado estadual do Partido Liberal (PL), vazarem.

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“A atitude da coalizão feminista foi bela, nobre e admirável. Em vez de me execrarem publicamente, deram-me apoio. Confesso que estou surpresa e emocionada... Senti-me abraçada. Muito, muito, muito obrigada”, escreveu.

No início do ano, Cintia e a organização discordaram publicamente quando a professora de português foi convidada para participar da Conferência Nacional da Mulher Advogada. Isso porque, em participações em alguns podcasts Cintia já havia afirmado que a mulher precisa se submeter ao homem - fala que foi questionada por entidades feministas.

Contudo, após as informações de que Cintia teria conseguido uma medida protetiva contra o ex-marido e o denunciado por agressões se tornarem públicas, muitos internautas passaram a questioná-la. “Sorriu quando apanhou do esposo?”, escreveu uma pessoa em uma publicação da influenciadora. “Como o cara te agride desde 2022 e mesmo assim se casa com ele em 2024, diga para mim?”, escreveu outra.

Diante dos ataques e repercussão do caso, a Coalização Nacional de Mulheres escreveu uma carta em apoio a professora. “Cíntia, conhecemos bem o fenômeno da violência contra a mulher e o quão devastador ele é em relação à carreira e à vida pessoal das mulheres. [...] Ao invés de receber apoio de uma grande parte das pessoas, que até então estavam ao seu lado, você está recebendo críticas e julgamentos. Nós acolhemos a sua dor e louvamos a sua força em conseguir sair desse relacionamento violento”, afirma o texto.

Confira o agradecimento de Cintia

“A atitude da coalizão feminista foi bela, nobre e admirável. Em vez de me execrarem publicamente, deram-me apoio. Confesso que estou surpresa e emocionada... Senti-me abraçada. Muito, muito, muito obrigada.

Aquela época, quando eu disse que a mulher deveria se submeter ao homem, eu fazia referência ao ato de esperar o marido para jantar, à necessidade de o casal passar mais tempo junto. Apesar da minha boa intenção, a minha fala foi infeliz e susceptível a interpretações que contrariam a minha própria vida, uma vez que eu comecei a trabalhar aos 12 anos de idade.

Tenho a minha independência financeira desde os 23 anos, sempre coloquei o trabalho em primeiro lugar e tento, diariamente, mostrar a importância do estudo, da profissão e da dedicação para a mulher.

Peço desculpas e assumo o compromisso de usar - ainda mais - as minhas redes sociais tais quais molas propulsoras da autonomia financeira das mulheres.”

Veja a carta da Coalizão Nacional de Mulheres

“Cíntia, conhecemos bem o fenômeno da violência contra a mulher e o quão devastador ele é em relação à carreira e à vida pessoal das mulheres. Nós sabemos o que você está atravessando e temos a noção exata de como, em geral, é solitário estar nesse lugar: o da vítima.

Ao invés de receber apoio de uma grande parte das pessoas, que até então estavam ao seu lado, você está recebendo críticas e julgamentos.

Nós acolhemos a sua dor e louvamos a sua força em conseguir sair desse relacionamento violento.

Quando afirmamos que as mulheres não devem ser submissas aos homens, estávamos nos referindo a isso: não se submeter à injustiça, à indignidade, ao desrespeito.

Nenhuma mulher deve enfrentar essa dor em silêncio. Nenhuma mulher deve acreditar que precisa suportar um tratamento desumano e degradante.

Nós respeitamos os homens e eles devem-nos igual respeito. Feminismo é a luta por essa igualdade, uma igualdade de direitos e obrigações. No âmbito das relações afetivas, igualdade em relação aos votos de responsabilidade e respeito mútuo. Não é sobre carregar sacos de cimento, nunca foi sobre isso. Igualdade produz liberdade. É isso que o feminismo visa a conquistar para as mulheres.

Os homens, não todos, obviamente, protegem-se entre si, por isso alguns se sentem tão fortes e confortáveis para ameaçar, constranger e atacar mulheres. Eis a urgência em unirmos forças e apoiarmo-nos.

Ser feminista é assumir uma posição inarredável em defesa dos direitos das mulheres. Não importa se, ideologicamente, não possuímos o mesmo entendimento, NENHUMA mulher deve sofrer violência. Essa é a nossa luta e lutamos mesmo por quem não compreende por que estamos lutando.

Receba o nosso gesto de sororidade, Cíntia. Esperamos que você se sinta acolhida e que o seu agressor saiba que não está sozinha.”

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Ana Luisa Sales é jornalista formada pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Na Itatiaia desde 2022, já passou por empresas como ArcelorMittal e Record TV Minas. Atualmente, escreve para as editorias de cidades, saúde e entretenimento